Cidades Quinta-Feira, 07 de Agosto de 2025, 07h:50 | Atualizado:

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MONSTRO DE SORRISO

"Que fique trancado, sem ver a luz do dia", diz pai sobre júri

 

MARIANA LENZ
Gazeta Digital

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“Uma pena adequada não existe no Brasil. O adequado seria a morte, como não há, espero que ele pegue a pena máxima em todos os crimes que cometeu. Uma resposta justa nunca vamos ter, mas esperamos evitar que ele volte a circular em meio a sociedade. Que fique trancado, sem ver a luz do dia”, é como o Regivaldo Batista Cardoso define sua expectativa sobre o julgamento de Gilberto Rodrigues dos Anjos, que deve começar nesta quinta-feira (7) no Fórum da comarca de Sorriso (420 km ao norte). Gilberto é réu confesso pelas mortes da esposa de Regivaldo, Cleci Calvi Cardoso e das filhas Miliane Calvi Cardoso, 19, Manuela Calvi Cardoso, 13, e Melissa Calvi Cardoso, 10, em novembro de 2023. 

Em entrevista ao GD, Regis, como é conhecido, compartilhou um pouco sobre as angústias e ansiedades que tem sobre o julgamento do assassino de sua família. Para ele, não há outra alternativa que não a condenação, embora entenda que o sofrimento da família não será reparado. No entanto, cita que já movimenta uma ação de indenização contra o Estado, pois entende que Gilberto não teria executado sua família se já estivesse preso por crimes que cometeu anteriormente, sendo eles a morte de um jornalista em 2013 na cidade de Mineiros, estado de Goiás e um estupro com tentativa de homicídio, no ano de 2023, em Lucas do Rio Verde (354 km ao norte de Cuiabá). 

“Ele já tinha mandado de prisão em aberto e teve algumas situações que ele poderia ter sido preso e o Estado, querendo ou não, falhou e o processo está correndo. Temos provas de que ele esteve em locais públicos, temos documentos que comprovam isso e existe um culpado nisso”, analisa. 

Um ano e 9 meses após a morte da esposa e filhas, hoje Regis mora sozinho. Após o crime, nunca mais pisou na residência onde ocorreu o crime e passou a morar com a sogra. Agora, tenta tocar a vida, fazendo alguns trabalhos de frete, mas sem emprego fixo. 

Além da forte amizade que surgiu com seu advogado, Conrado Pavelski Neto, e do apoio da família, Regis cita que passa os dias em casa, em companhia dos cachorros, uma das presenças afetivas que têm das memórias da família. 

As roupas e brinquedos das filhas foram para a nova casa, não tendo se desfeito de um bicho de pelúcia sequer. No celular, com frequência costuma ouvir áudios e vídeos da esposa e filhas, para lembrar de suas vozes, feições e de como era a vida, antes de tudo o que ocorreu. “Aperta mais a saudade, mas é uma coisa que acalenta um pouquinho o coração da gente”, descreve. 

Para lidar com a situação, Regis cita ao GD que sessões de terapia com psicólogo e o fortalecimento da fé tem sido os pilares para manter a saúde mental, mesmo com a tragédia que abalou sua vida. “A gente levanta todo dia, temos ar para respirar. Então, temos que seguir a vida. É difícil, tem dias de choro, tem dias de sorrir. Não podemos tirar nossa própria vida, então temos que tocar a vida em frente”, desabafa. 

Cristão fervoroso, acredita que um dia vai reencontrar a família em outra vida. Enquanto o dia não chega, faz visitas aos túmulos no cemitério municipal de Sorriso. “Eu sei o que está ali é o que restou delas, mas a alma delas está com Cristo no paraíso. Deus tem me confortado. Quando a gente confia nele e a vida tá entregue na mão dele, ele faz pela gente. Não é fácil, mas o Senhor me sustenta. Então sigo firme confiando e buscando a Deus sempre”.

O júri

Conforme noticiou o GD, o julgamento inicia nesta quinta-feira (7) às 8h, e será presidido pelo juiz Rafael Deprá Panichella, da Primeira Vara Criminal de Sorriso, com a atuação de promotor, defensor e um conselho de sentença composto por 7 jurados. 

Por parte das provas apresentar conteúdo sensível e até mesmo em respeito à família das vítimas, a participação do público será restrita somente ao juiz, advogados, jurados, familiares previamente cadastrados e alguns membros da imprensa previamente cadastrados e com vagas limitadas. Não será permitido qualquer tipo de gravação em vídeo, fotos ou áudio do interior do plenário e não será permitido o uso de equipamentos eletrônicos no local.
Até o momento não há previsão de quanto tempo deve durar o julgamento até a sentença condenatória.

O caso

Em 24 de novembro de 2023, Gilberto invadiu a residência de Cleci Calvi Cardoso, na cidade de Sorriso (420 km ao norte de Cuiabá) e assassinou brutalmente ela e suas 3 filhas. Os corpos foram encontrados no dia 27, após o esposo de Cleci, Regivaldo Batista Cardoso, que estava em viagem de trabalho, perceber que esposa e filhas não o atendiam mais e acionar a polícia e familiares. Só então, Gilberto foi encontrado e preso, em uma construção civil ao lado da residência onde cometeu o crime.

Em 16 de maio deste ano, Gilberto foi condenado a 17 anos de prisão pelo homicídio do jornalista Osni Mendes Araújo, ocorrido em 2013, na cidade de Mineiros (GO). Ele chegou a ficar 6 meses preso pelo crime, mas conseguiu liberdade e não foi mais encontrado desde então.

Em 25 de março também de 2025, ele foi condenado pelo Tribunal do Júri de Lucas do Rio Verde (a 332km de Cuiabá) pelos crimes de estupro, tentativa de feminicídio e lesão corporal qualificada pela violência de gênero, cometidos em 17 de setembro de 2023. Na data em questão, por volta das 2h da madrugada, ele invadiu a residência de uma mulher e, mediante violência e grave ameaça, a obrigou a manter relação sexual não consentida. Ele ainda tentou matá-la, porém, o ato não foi consumado porque a vítima entrou em luta corporal. A pena total aplicada foi fixada em 22 anos, 7 meses e 10 dias de reclusão.

Foragido após cometer crimes hediondos, somente agora ele será julgado pelo crime cometido contra a família sorrisense.





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Comentários (2)

  • Nilma

    Quinta-Feira, 07 de Agosto de 2025, 10h22
  • O mesmo que penso sobre o BolsoNazi que deixou 700mil morrer
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  • Luiz

    Quinta-Feira, 07 de Agosto de 2025, 08h30
  • Regivaldo você falou tudo "pena justa não existe no Brasil" para esses e outros crimes no nosso Brasil. E o Estado/Justiça é falho em não manter preso esses bandidos. ficam soltos e cometem mais crimes.
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