Médicos residentes que atendem nos postos do Programa de Saúde da Família (PSF) e em hospitais públicos e privados de Cuiabá e Várzea Grande, região metropolitana da capital, paralisaram as atividades nesta quinta-feira (24) para cobrar algumas medidas, entre elas a adequação da carga horária estabelecida pelo Ministério da Saúde, de 60 horas semanais.
A jornada semanal da categoria extrapola em pelo menos 30%, segundo o Sindicato dos Médicos de Mato Grosso (Sindimed). Os atendimentos não foram suspensos nas unidades de saúde por causa do protesto.
Os residentes também reivindicam a equiparação salarial com os profissionais do programa Mais Médicos, do governo federal, que recebem R$ 10 mil, enquanto eles, R$ 2,5 mil, com desconto de 10% da contribuição com o Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS).
"Eles [governo federal] querem que o Mais Médicos se torne uma especialidade, mas os residentes também deveriam receber o mesmo salário deles. Quem atua pelo programa, recebe o título de especialidade, mas o 'padrão ouro' é a residência", disse a médica residente Sheila Campos.
Segundo ela, os profissionais do Mais Médicos trabalham 40 horas semanais e recebem cinco vezes mais, com isenção de impostos. "Somos considerados mão de obra barata. Se aproveitam dos residentes que estão se tornando especialistas para atender a população como especialistas, mas não nos remuneram por isso", afirmou.
A categoria cobra a isonomia da Bolsa de Residência Médica com bolsas oferecidas por outros programas de ensino médico em serviço do governo federal, como o Programa de Valorização do Profissional da Atenção Básica (Provab) e o Mais Médicos.
A bolsa no valor de R$ 2,9 mil [sem o desconto de INSS] aos residentes é paga pelo Ministério da Educação e repassada a eles pelo Ministério da Saúde. "Eles [do Mais Médicos] recebem R$ 10 mil, sem a cobrança de impostos", reclamou.
O protesto foi realizado na manhã desta quinta-feira na Praça Alencastro, no Centro da capital, teve a participação de médicos de vários hospitais, como do Hospital Universitário Júlio Muller, Hospital Geral Universitário de Cuiabá, Hospital Santa Rosa, Hospital Metropolitano de Várzea Grande e Hospital do Câncer.
A presidente do Sindicato dos Medicos de Mato Grosso (Sindimed), Eliana Siqueira, explicou que as estruturas dos hospitais são precárias e os profissionais atuam em más condições de trabalho.
“O governo se esqueceu dos médicos da cidade, sendo que somos muito importantes para a população. O que aparece nas propagandas que os médicos tem boas condições para trabalhar, é mentira. Estamos na rua em protesto para chamar atenção da presidente da República e do governo de nossa cidade”, afirmou. Ainda de acordo com a sindicalista, a paralisação vai durar 24 horas.
Os servidores também cobram o plano de carreira com inclusão de renumeração adequada, desenvolvimento continuando e tempo exclusivo para atividades didáticas, além de um plano de carreira nacional para médicos do Sistema Único de Saúde (SUS) como garantia de renumeração adequada, progressão de carreira, desenvolvimento profissional e educação continuada, entre outras medidas.
Outro protesto
Além dos médicos residentes, servidores federais que estão de greve há mais de dois meses se uniram aos médicos para protestar nesta quinta-feira. Segundo o representante dos professores da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) e Instituto Federal de Mato Grosso (IFMT), os servidores foram às ruas para chamar atenção. “Estamos aqui [na praça] para lembrar o governo que existimos, que ainda estamos em greve, mesmo não querendo”, disse.