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O nível do rio Cuiabá subiu dois metros somente neste domingo (23) e a preocupação com o transbordamento do rio e dos principais córregos da capital levaram a Defesa Civil municipal pedir que a Furnas Centrais Elétricas fechasse as comportas do Lago de Manso ajudando a reduzir a vazão do rio Cuiabá. A empresa não deu resposta à solicitação do órgão municipal.
O rio atingiu 8,5 metros, cota de alerta, e a Usina Hidrelétrica de Manso consegue segurar 35% dessa vazão. Se não fosse pela usina, o nível de água hoje seria capaz de inundar a cidade como na enchente de 1974, segundo informou o coordenador da Defesa Civil de Cuiabá, Oscar Amélito Alves dos Santos. Em 2005, o rio chegou a 7,20 metros e houve casos de inundações em vários pontos da cidade. “O rio esta assoreado, bem como os córregos e se a chuva não der trégua vai transbordar e a enxurrada não traz só o risco de destruir os móveis, mas trazer doenças como a leptospirose e trazer bichos peçonhentos”.
Na manhã de ontem, 10 famílias moradoras de chácaras do bairro Parque Atalaia tiveram que deixar os imóveis orientadas pelo órgão, pois a água começou a invadir o local. As pessoas foram orientadas a buscar hospedagem na casa de parentes, mas que sempre vão visitar seus imóveis para evitar possíveis saques. “Temos alertado que idosos, crianças e pessoas portadoras de necessidades especiais que morem perto de córregos deixem esses locais nos dias de chuvas. Alojamento só em último caso”, comentou o coordenador da Defesa Civil de Cuiabá.
Porém, o superintendente da Defesa Civil de Mato Grosso, coronel Sérgio Delamônica, diz que acionar Furnas para fechar as comportas da usina não vai resolver o problema. “A usina tem a vazão calculada. Nós também monitoramos o lago. O problema é que está chovendo muito”. Em Santo Antônio de Leverger (27 km de Cuiabá) há casos de alagamentos nas partes mais baixas da cidade.
Os 2 metros de aumento do nível do rio registrados na Capital somente serão sentidos a partir desta segunda-feira (24). O coronel Sérgio Delamônica disse que o aumento do nível do rio Paraguai, em Barra do Bugres, é um dos casos mais graves de enchente causados pelo excesso das chuvas. “Estamos retirando famílias e colocando em alojamentos. Ainda não temos quantificado o número de atingidos”, explicou.
O prefeito de Barra do Bugres, Júlio Florindo, decretou estado de emergência. Na semana passada, 20 pessoas deixaram suas casas e 9 estão alojadas no salão da Igreja São José e o restante foi para casas de familiares. Mais de 500 alunos da rede municipal estão sem aulas.
As localidades de Buriti Fundo, Vão Grande, Vãozinho, aldeias Umutina e Bacalana, fazendas Bom Pastor, Mil Alqueires e Junqueira e Frigorífico Navi Carnes estão isoladas com a cheia dos rios Paraguai e Bugres.
Outra situação preocupante é a MT-246, (sentido Barra do Bugres/Jangada).
Parte da pista cedeu no km 30, nas proximidades do assentamento João e Maria e o tráfego flui em meia pista. Os demais cidades banhadas pelo Rio Paraguai estão sendo monitoradas pela Defesa Civil. “Cáceres só vai sentir esse aumento no nível do rio em 2 dias”. A BR-163, entre Lucas do Rio Verde e Sorriso continua em meia pista. O rompimento de uma represa levou parte do acostamento.