O sistema de saúde de Mato Grosso já está em estado de colapso. A confirmação é do secretário de Saúde, Gilberto Figueiredo, em coletiva online na manhã desta segunda-feira (9). 

"Podemos admitir que já colapsou. Se vamos receber uma demanda grande de pacientes e não temos tudo isso para oferecer na rede hospitalar, já colapsou. O número de pessoas em estado grave ou crítico que vai buscar esse atendimento é muito grande", disparou o secretário. 

Segundo ele, nas últimas 12 horas subiu muito a procura nos hospitais da rede pública de saúde em todo Estado. Inclusive, a Santa Casa Estadual e o Hospital Metropolitano, ambos na Baixada Cuiabana, já estão com pouquíssimas vagas nas Unidades de Tratamento Intensivo (UTI).  

“Teremos muito dificuldades nas ofertas UTIS. Infelizmente chegamos num momento crítico e isso deve piorar nos próximos dias. Não haverá leito de UTI para todos, se você está indo em festa, shopping e precisar de um leito futuramente pode ser que você não encontre. Nas últimas horas foram dez internações de uma pancada só”, completou. 

Ontem, em boletim divulgado pela Secretaria de Saúde, a taxa de ocupação era de cerca de 47%, considerada “folgada”, apesar do crescimento vertiginoso nos últimos dias. "Hoje, nós vamos ter um crescimento brutal dos leitos. Houve uma procura acelerada nos últimos dias pelos leitos de UTI", declarou o secretário. 

Segundo Gilberto, a situação da pandemia em Mato Grosso já está fora de controle. “Não está sob controle, vai crescer de forma brutal. Hoje, muito provavelmente, a taxa de ocupação será muito maior, na casa dos 70% ou mais”, complementou. 

O secretário explicou que, com a superlotação das UTIs, os pacientes, mesmo graves, serão atendidos em leitos de enfermaria. “Ali não vai ter respirador, nem atendimento adequado”, frisou. 

Figueiredo explicou ainda que o mesmo já acontece em alguns hospitais da rede privada, que já enfrentam dificuldades para aquisição de suprimentos. “A Rede privada está colapsando, não está conseguindo, suprimentos, anestésico, medicamentos e outros itens para o atender os leitos de UTI. Quando o sistema público entra em colapso, a tendência que o mesmo aconteça nos hospitais particulares”, alertou. 

Durante a transmissão, o chefe da saúde voltou a criticar o governo Bolsonaro, dessa vez pelo cancelamento do contrato com a empresa que fornecia os equipamentos para o Laboratório Central de Saúde Pública do Mato Grosso (Lacen). Segundo ele, sem os materiais o Estado despencou drasticamente sua capacidade de testagem, o que está  atrasados os resultados dos exames de pacientes com que precisam saber se tem ou não a doença.  

“O Ministério da Saúde não renovou o contrato da Lacen com a empresa que disponibiliza os equipamentos dos testes PCR. Com isso, a capacidade de testes caiu de 1500 para 400 testes. Com isso está demorando mais. Estamos tendo uma dificuldade enorme. Todo momento tem um fato novo”, lamentou. 

Por fim, Gilberto disse ainda que o Estado não vai seguir os mesmos passos do Governo Federal que tenta “ocultar” os números de casos da doença do Brasil. Ele defendeu que a transparência da situação pandêmica serve como um alerta a sociedade. “Nós não vamos esconder nada, a população precisa estar ciente para saber com o que estamos lidando. Então vamos dar publicidade para isso de forma integrada com outros Estados”, finalizou.  

LOCKDOWN

Apesar de toda gravidade da situação, o secretário colocou que a decisão sobre lockdown caberá aos prefeitos de cada cidade. "Ainda temos situações particulares em cada cidade. Tem município que ainda não tem caso, tem município que não registra casos há mais de 15 dias", pontuou.

Sobre Cuiabá e Várzea Grande, Figueiredo ainda colocou que sugere que os dois municípios tomem decisões sobre isolamento social ou flexibilização de forma conjunta. "As cidades são interligadas, não dá pra decidir de forma separada".