Cidades Segunda-Feira, 10 de Março de 2014, 19h:05 | Atualizado:

Segunda-Feira, 10 de Março de 2014, 19h:05 | Atualizado:

DEMISSÃO EM MASSA

UTIs do pronto-socorro ficam sem médicos

 

Gazeta

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Pacientes que estão internados na UTI (Unidade de Terapia Intensiva) do pronto-socorro de Cuiabá estão sem médicos para prestarem atendimento adequado. Na última semana, os 14 médicos contratados que davam plantão no local, em regime escalonado, pediram demissão.

Segundo um médico que trabalha no local, o baixo salário, de R$ 3,5 mil por mês, para cumprir plantões de 20 horas semanais é o motivo da demissão em massa. A situação é delicada nas alas, porque os pacientes estão nas mãos de enfermeiras e se algum tiver seu quadro piorado não receberá o atendimento adequado.

A direção do Pronto-Socorro confirma que houve “problemas” em alguns plantões, mas nega a falta de médicos afirmando que as medidas adotadas foram os plantões extras, quando um médico que já trabalhou é convidado para cobrir o plantão na falta de outro e recebe para isso.

A situação se agravou há 10 dias quando a prefeitura de Cuiabá foi cobrada pelo Ministério Público Estadual (MPE) para exigir dos médicos contratados o cumprimento da carga horária de 20h semanais. Antes disso, explica Eduardo, existia um acordo informal desde a época do prefeito Wilson Santos (PSDB) que autorizava, de forma ilegal, os médicos a cumprirem carga horária inferior, de apenas 12 horas, para que a prefeitura não precisasse subir a remuneração. Esse “jeitinho” vinha funcionando até então, mas o Ministério Público cobrou do município para que exigisse o cumprimento integral da carga horária.

A prefeitura ofereceu um piso salarial de R$ 3,5 mil e o resultado foi que dos 30 médicos só restaram 16. “Muitos se demitiram, não em protesto, mas meramente porque há salários melhores fora do PS, e com isso, não há médicos em vários plantões nas 2 UTIs adulto do PSMC. Desde o início do mês, nos mais variados períodos, ocorre de as UTIs ficarem sem qualquer assistência médica, com 10 pacientes críticos em cada uma. Ficam apenas técnicos de enfermagem cuidando de pacientes gravíssimos. Desnecessário descrever o prejuízo a essas pessoas internadas, fragilizadas e indefesas. Muitas morrerão, se já não morreram”, denuncia.

O médico espera que a direção da unidade ,juntamente com a prefeitura, solucionem o problema o mais rápido possível. “A Prefeitura tem como utilizar recursos aumentar os salários dos médicos, o problema é que isso ainda não se tornou prioridade”, destaca o profissional.

O médico ressalta que de acordo com os regulamentos e convenções profissionais, o responsável último por não permitir que a falta de médicos ocorra é o diretor técnico da unidade, e se for necessário deve se fazer presente em plantões com ausência de médicos. No caso do Pronto-Socorro de Cuiabá é o médico Celso Vargas, que assumiu a diretoria da unidade na segunda quinzena de fevereiro. “Isso não ocorreu em nenhuma das ocasiões em que as UTIs ficaram sem médicos”, afirmou.

Na ausência dos médicos, fato que vem ocorrendo com frequência segundo Eduardo, os enfermeiros não podem realizar os mesmos procedimentos. “A equipe de enfermagem que fica lá não pode resolver um monte de coisa. O que o enfermeiro pode fazer é ir em busca de um médico em outras dependências do Pronto-Socorro, mas ai pode ser tarde demais. O principal prejudicado com essa situação é sem dúvidas os pacientes”, relata o profissional.

Outro lado: O diretor do Pronto-Socorro, médico Celso Vargas confirmou que 14 médicos se desligaram após a adequação da carga horária. Mas ele garante que não precisa contratar nenhum médico, pois tudo está “normal”, uma vez que segundo ele, com o aumento da carga horária dos plantões de 12h para 20h ou 24h, os 16 que ficaram conseguem suprir a lacuna deixada pelos profissionais que saíram. “No Pronto-Socorro não existe falta de médico, imagina isso aqui sem médicos, seria manchete em rede nacional”, alega Vargas.

Segundo ele, são 3 UTIs adultas. A maior que dispõe de 20 leitos “sempre tem 2 médicos no plantão”. Reconhece que um deles pode faltar, mas que o outro fica responsável. “Nunca fica sem médico”, afirma.  As outras 2 UTIs segundo Vargas, dispõem de 10 leitos cada uma delas.

Sobre o salário dos contratados, Celso Vargas diz que o piso foi elevado de R$ 1,8 mil para R$ 3,5 mil. Afirma que tem ainda as verbas indenizatórias, adicional de insalubridade e outras verbas extras e dessa forma o valor bruto que antes era R$ 4,7 mil foi elevado para R$ 6,8 mil. “Não é um salário ruim, mas de fato existem profissionais que não querem trabalhar por esse valor”, justifica. Sobre a readequação da carga horária confirma que foi em consenso com o Sindicato dos Médicos, com o Ministério Público, Tribunal de Contas, Tribunal de Justiça e Ministério da Saúde. Pois a prática irregular se arrastava desde de 2008 e não podia continuar.

 





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