O sucesso internacional do cinema brasileiro em 2025, com "Ainda Estou Aqui", de Walter Salles, no Oscar, e "O Agente Secreto", de Kleber Mendonça Filho, no Festival de Cannes, tem um reflexo positivo no cinema mato-grossense, como avaliam especialistas do audiovisual local. Além da valorização com o destaque internacional, a filmagem de longas em cidades do estado reforça o bom momento.
O cineasta Luiz Borges acredita que esse reconhecimento pode trazer combustível para o cinema regional, além de ser importante no aspecto da representatividade.
"[Os prêmios] dão gás para a produção local. A gente oxigena, se sente valorizado. É importante. É uma forma de pertencimento você se reconhecer nesse esforço que não é individual de um cineasta, mas é um esforço coletivo de uma sociedade que quer se ver na tela", afirmou Luiz, que também é idealizador do Festival de Cinema e Vídeo de Cuiabá (Cinemato).
"Agora, em Cannes, o cinema brasileiro está sendo homenageado. O país tem quase 400 convidados do audiovisual brasileiro, onde tivemos grandes premiações. Então, é um momento para Mato Grosso alavancar essa oportunidade", completou o profissional.
A produtora Keiko Okamura está há mais de 30 anos no ramo audiovisual mato-grossense. Ela entende que se trata de um momento particular, onde os brasileiros estão buscando histórias que se conectem com o próprio cotidiano.
"Na minha visão, é uma tendência [positiva]. As pessoas estão buscando menos filme estilo Hollywood e mais histórias reais que trazem uma especificidade diferente do que já é muito amplamente divulgado, que é o nosso caso [de Mato Grosso]", argumentou.
Okamura destaca a quantidade de filmes que estão sendo filmados em Mato Grosso no momento, como "Mãe Bonifácia", rodado em Sorriso (420 km ao norte de Cuiabá), que tem a atriz Zezé Motta interpretando uma mulher negra alforriada que viveu em Cuiabá no fim do século XIX, e "Somos Tereza", rodado em Vila Bela da Santíssima Trindade (521 km a oeste), que tem a atriz Zezé Motta interpretando a líder quilombola Tereza de Benguela. Para ela, o grande desafio será no momento da distribuição, para garantir que a população do estado tenha a oportunidade de assistir a essas produções.
"O que está acontecendo é que [os filmes mato-grossenses] não estão chegando ainda para quem consome. Mas na hora que as pessoas descobrirem isso, esses filmes de longa que estão sendo produzidos agora e essas web séries também, você tem um papel importante nisso, começar a distribuir isso, chegar, porque isso vai praticamente entrar todo mundo junto no mercado de uma vez", explicou.
Okamura ainda pondera que a produção mato-grossense vem se espalhando, e chegando em municípios que antes não tinham recursos para filmar.