A importância do consumidor para uma mudança cultural que permita transformar em ativo a preservação ambiental foi tema de destaque no 1º Workshop Clima, Arborização e Sustentabilidade, realizado pelo Poder Judiciário de Mato Grosso, por meio do Projeto Verde Novo e parceiros, nesta sexta-feira (7 de fevereiro).
Os dois palestrantes da tarde, o engenheiro civil Adeir Pinto, que tratou de Conforto Térmico nas Edificações, e o economista Mauro Romani, que discorreu sobre o Programa Forest Friend de Sustentabilidade e a compensação do impacto ambiental com créditos de floresta, observaram que, na hora de comprar, o cidadão tem opção de escolher um produto ou empresa que tem a sustentabilidade ambiental como valor agregado.
O engenheiro civil e professor universitário Adeir Pinto afirmou que, na hora de construir, é possível fazer muito pela preservação ambiental, sem gastar mais, bastando ter interesse e usar a criatividade. Mesmo apontando a construção civil como a grande vilã do meio ambiente, responsável por até 70% dos resíduos sólidos das cidades.
Adeir Pinto citou exemplos de reaproveitamento de boa parte desses resíduos sólidos, como madeiras e tijolos, a fim de reduzir o volume desses resíduos nas áreas urbanas, diminuindo o risco de enchentes e o assoreamento de rios e córregos. Destacou ainda que materiais de construção como areia e brita são bem mais baratos se comprados de empresas de reciclagem.
Ele falou ainda da necessidade de os engenheiros e arquitetos substituírem materiais encontrados na natureza, que logo são desprezados, por outros produtos, de mesma qualidade. “Temos vários problemas, como falta de consciência, falta de informação, métodos construtivos defasados, falta de atitude e uma cultura de entulho”, ressaltou.
Juliana Tanaka, arquiteta e uma das participantes do workshop, considerou a palestra do engenheiro Adeir Pinto muito reveladora. “A sustentabilidade é um tema que já está no nosso cotidiano, que já está sendo muito falado, a gente não pode pensar que vai fazer uma obra hoje como se fazia há dez anos. Precisamos melhorar, de forma gradativa e consciente, utilizando cada vez mais materiais sustentáveis.
A arquiteta é adepta da arquitetura biofílica, que enfoca a integração entre as áreas verdes e o ambiente construído. “A arquitetura biofílica trata exatamente das questões relacionadas à natureza, ao amor pela natureza. Sugere a incorporação da natureza na nossa existência, como se a gente quisesse trazer a natureza para dentro da nossa casa”, reforçou, acrescentando que plantas dentro de casa ajudam a aliviar o estresse e a preocupação. “Uma árvore ou uma planta podem mudar toda a atmosfera interna”.
O segundo palestrante, o economista Mauro Romani, avaliou que as pessoas estão cada vez mais conscientes da importância da preservação ambiental, principalmente as novas gerações, e que isso vem despertando nas empresas um desejo de atender às expectativas desses novos consumidores. Ele lembrou que pesquisas feitas por multinacionais mostram que consumidores são influenciados positivamente se a empresa é conhecida por ser ecologicamente correta.
O economista disse que a ideia de conflito entre preservar e prosperar está deixando de existir, já que hoje é possível remunerar o proprietário de uma floresta virgem para que ele a mantenha dessa forma. “O crédito de floresta se baseia no serviço que o proprietário de uma área preservada presta para não derrubar a floresta e com isso ele é remunerado. Fazendeiros ganham dinheiro desmatando, plantando soja, milho, arroz, isso é importante, mas existe também a possibilidade de uma floresta em pé gerar riqueza”, destacou.
Programação: A abertura do workshop foi feita pelo presidente do Tribunal de Contas de Mato Grosso, desembargador Carlos Alberto Alves da Rocha, que falou da experiência do Juizado Especial Volante Ambiental (Juvam). Também pela manhã foram realizadas duas palestras. Uma por Ricardo Cardim, que falou sobre paisagismo e arborização sustentável e a segunda por Henrique Maranholi, que apresentou um estudo sobre as ilhas de calor nos últimos 40 anos em Cuiabá.
São parceiros do evento: Prefeitura de Cuiabá, Instituto Ação Verde, Grupo Petrópolis, TV Centro América, Energisa, Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura (Crea-MT) e Associação Brasileira de Engenheiros Civis (ABENC).
O projeto – O Verde Novo é um projeto do Poder Judiciário de Mato Grosso, idealizado pela equipe do Juvam de Cuiabá, com o objetivo de mobilizar a sociedade em prol do plantio e manutenção de árvores na Capital, a fim de alcançar índices de arborização satisfatórios que contribuam para a melhoria na qualidade de vida da população mediante a redução da sensação térmica e aumento da umidade relativa do ar.