Cultura Terça-Feira, 17 de Maio de 2022, 12h:11 | Atualizado:

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HISTÓRIA

Livro conta a vida de Rondon em selos 

 

Da Redação

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O livro “Rondon, o marechal da paz – A vida de um herói nacional contada por meio da Filatelia”, do cidadão cuiabano Maurício Melo Meneses, será lançado em 24 de maio, às 19 horas, no Teatro Zulmira Canavarros, localizado na Avenida André Maggi, Centro Político Administrativo — Cuiabá, MT. Com 128 páginas, leitura agradável e instigante, a obra, lançada pela Editora Mackenzie, é ricamente ilustrada por selos que retratam aspectos da vida do Marechal Rondon, dos períodos nos quais realizou seu grande trabalho que entrou para a história do Brasil. Entre tantas análises, o autor qualifica Rondon como o mais importante personagem cuiabano para a história do Brasil. A influência familiar foi decisiva para a composição do livro, visto que seu sogro, Ramis Bucair, manteve o Museu de Pedras, que abrigava um acervo sobre o militar indigenista. O grande legado são os valores positivistas “amor, ordem e progresso”, devidamente apropriados pela Bandeira Nacional, além, é claro, de uma paixão pela pesquisa científica empírica. Imagens e textos harmonizam-se e se complementam, propiciando que o leitor conheça a vida do importante personagem de maneira lúdica, informativa e didática. 

Na introdução, o autor salienta que falar de Cândido Mariano da Silva Rondon é essencialmente fazer alusão a um herói nacional. “Marechal Rondon, como é popularmente conhecido, é um exemplo de vida e padrão de civismo para todos os brasileiros”. Ressaltando que o biografado foi indicado ao Prêmio Nobel da Paz pelo físico Albert Einstein, revela que, em 2015, por meio da Lei 13.141, seu nome foi inserido no Livro dos Heróis e Heroínas da Pátria.

O livro traz depoimentos de várias personalidades, que acrescentam relatos sobre a vida de Rondon, reforçando a importância e o caráter inusitado da obra de Maurício Meneses: General de Divisão Floriano Peixoto Vieira Neto, presidente da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos; General de Brigada Paulo A. B. Valença, chefe do Estado Maior do Comando Militar do Sudeste, de 2017 a 2019; Ives Gandra da Silva Martins, professor emérito da Universidade Presbiteriana Mackenzie; Nelson Câmara, presidente da Academia Mackenzista de Letras; e o jornalista e cineasta Cacá de Souza.

Na contracapa do livro, há frases relevantes de personalidades brasileiras e estrangeiras, a começar por Theodore Roosevelt, ex-presidente norte-americano e integrante da Expedição Roosevelt-Rondon: “Rondon, como homem, tem todas as virtudes de um sacerdote, é um puritano de uma perfeição inimaginável na época moderna. E como profissional é tamanho cientista, tão grande é o seu conjunto de conhecimentos, que se poderia considerar um sábio”.

Outro admirador famoso do marechal foi o antropólogo Darcy Ribeiro, que ao ser questionado por representantes da Índia, em uma conferência internacional, se Rondon tinha sido discípulo de Gandhi, disse que “esta pergunta vale por um julgamento de atitude que alcança o pensamento pacifista brasileiro formulado por Rondon: morrer se preciso for, matar nunca”.

Ou, ainda, Carlos Drummond de Andrade, poeta brasileiro, que em trecho extraído do poema Pranto geral dos índios lembrou Rondon: “Eras um dos nossos voltando à origem e trazias na mão o fio que fala e o foste estendendo até o maior segredo da mata... Oh, Rondon, trazias contigo o sentimento da terra...”.

Além disso, Manuel Bandeira se junta aos admiradores do indigenista brasileiro. Ele viu esperança e fé na caminhada do biografado: “A vida de Rondon é um conforto para todo brasileiro que ande descrente de sua terra”.

Ideal Incomum

O livro de Maurício Meneses reflete cada uma dessas e muitas outras visões que se pode ter de Rondon, um herói sui generis, que, para não matar, nem deixar que se matasse um só homem, preferiu encarar 100 vezes a morte. “Apresentamos aos leitores uma biografia única do Marechal Rondon, que não pretende ser exaustiva nem extremamente detalhada, mas almeja ser marcante em cada uma de suas páginas”. 

Militar, sertanista, indigenista e professor, Rondon foi imortalizado à frente da Comissão Construtora de Linhas Telegráficas. Esse seu pioneirismo para a expansão das comunicações torna ainda mais relevante a escolha da filatelia como uma das linhas narrativas utilizadas por Maurício Meneses. Afinal, a instituição da reforma postal e do selo postal brasileiro em 1º de agosto de 1843 abriu o caminho para outras significativas modernizações que viriam a partir do estabelecimento do Segundo Reinado, o que incluiu a implementação dos telégrafos, em 1857, e do telefone, vinte anos depois.

Foi neste contexto, e em meio ao fervilhar dos movimentos abolicionistas e de integração nacional, que em 1865, na sesmaria de Morro Redondo, Campos de Mimoso, no distrito de Santo Antônio do Leverger, Mato Grosso, nascia Candido Mariano da Silva Rondon. Maurício Meneses conta que, desde muito jovem, o biografado, que descendia, por parte de mãe, de índios terenas e bororos, já expressava um “ideal incomum para sua época: o desejo constante de implantar em seu Estado natal uma rede telegráfica que ligasse todos os povoados mais longínquos à capital”. 

“O grande pensamento da juventude de Rondon foi levado a cabo”, segue o autor, pois o futuro Marechal mato-grossense não apenas ligou entre si os longínquos rincões de Mato Grosso como também conectou as regiões Centro-Oeste e Norte do país ao Rio de Janeiro, então capital da República, solucionando os antigos e preocupantes problemas de comunicação e segurança daquelas partes da nação.

Tamanho conhecimento adquirido em suas andanças pelos sertões fez com que as contribuições do “patrono das comunicações do Brasil”, como é conhecido, excedessem o trabalho de unificação do território via instalação de redes de telégrafos. De 1927 a 1930, Rondon foi o responsável por inspecionar as fronteiras brasileiras, do extremo norte do país até as divisas com Argentina e Uruguai. O legado dessa contribuição pode ser identificado em expressão cunhada pelo próprio Rondon: “do Oiapoque ao Chuí”, que faz referência a estes dois municípios, o primeiro no ponto mais setentrional do território brasileiro, no Amapá, e o segundo, no mais meridional, no Rio Grande do Sul.

Rondon, O Indigenista 

Uma das consequências deste trabalho, cuja amplitude vai muito além do trecho destacado acima, deu a Rondon outro dos apostos pelo qual é mundialmente conhecido: o de “mais importante registrador de etnias indígenas do Brasil”. 

Em sua obra, Maurício Meneses apresenta as características que fizeram com que o biografado não apenas localizasse, mas integrasse ao território brasileiro, de maneira pacífica, muitas das nações que contatou. Ao apresentar a experiência do marechal com cada um desses povos, o autor revela o caráter pacifista de sua abordagem. “Mediante o contato diário e a descoberta dos valores desses povos, Rondon passou a cuidar dos direitos dos índios, por isso foi muito além do desempenho de suas funções geográficas e científicas. Rondon construiu, por meio do contato com os nativos, um verdadeiro legado humanista numa época em que os índios eram abatidos a tiros logo no primeiro encontro”, relata o autor.

As conclusões a que chega Maurício Meneses ao apresentá-lo como indigenista talvez traduzam o que provavelmente fez com que Rondon se tornasse o único brasileiro a ser indicado, três vezes, ao Prêmio Nobel da Paz –uma delas por ninguém menos do que um dos maiores cientistas de todos os tempos, o alemão Albert Einstein.

No entanto, Marechal Rondon pode e deve ser visto por muitas outras lentes. Suas contribuições para a consolidação do Brasil moderno não cabem nem nos milhares de quilômetros que percorreu a pé. Por isso, como ressalta Jaguaribe de Matos, membro oficial da Comissão Rondon, general de Brigada e comandante da Revolução Constitucionalista de 1932, devem sempre ser lembradas: “Tem na sola dos pés o mais longo caminho jamais percorrido, mas é preciso acrescentar: e que realizações em cada um dos passos desse fundo palmilhar!”. 

É o que faz este Rondon: o marechal da paz.

 





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