A Universidade Federal de Mato Grosso, entregará o título de Doutora Honoris Causa à Domingas Leonor da Silva, por meio de indicação da reitora Myrian Serra. A sessão solene, será realizada nesta terça-feira, 10 de dezembro, ás 9.30h, no saguão da UFMT.
O relato sobre a trajetória de Domingas foi produzido pelo professor Fernando Tadeu e aprovado pelo Conselho Superior Universitário. Conforme o documento, Domingas tem ligações há muito tempo com a Universidade, na área da cultura popular. O primeiro reitor, Gabriel Novis Neves, sensível às artes e à cultura, demonstrou seu respeito aos saberes populares e à cultura regional. A Universidade instalou o ateliê livre de arte e de cultura popular, e aproximou Domingas Leonor da instituição. Ela disse na época, fez uma Nossa Senhora do Carmo, com a grinalda de flor de cerâmica. “Quando Humberto Espíndola e Aline Figueiredo, viram, disseram que eu era uma artista verdadeira e me convidaram para participar de uma exposição de arte sacra. Eu competí e ganhei a premiação, isto foi um marco na minha vida”, assinalou.
Em seguida, Domingas recebeu um convite da professora Marília Beatriz de Figueiredo Leite, para dançar o Siriri em feira da UFMT. Não demorou muito, o pró-reitor, Abílio Fernandes, a convidou para participar do Programa de Extensão “Universidade nas Cidades”. Domingas percorreu as regiões do estado, onde ministrou oficinas de artesanato e realizou exposições com as peças. “Sinto-me honrada de ter feito esse trabalho. Acho que fui uma grande professora de artes da universidade, eu tenho muito orgulho disso”, observou.
A presença da Universidade, segundo ela, foi se aproximando do modo de viver a cultura de São Gonçalo Beira Rio. Ela relembra uma comunidade simples que não tinha transporte público, a locomoção era somente de canoa e charrete. O meio de sobrevivência era sempre o peixe e a cerâmica. Moradores da comunidade foram acolhidos pela UFMT, durante a enchente de 74 em Cuiabá.
Durante toda sua trajetória, Domingas defendeu com garra as tradições de São Gonçalo Beira Rio. A cultura e o nosso artesanato estavam morrendo, e eu tentei resgatar. Sentí isso como uma grande obrigação na minha vida”. Fundei a Associação de Moradores do bairro, Associação de Pescadores, Associação de Ceramistas, Associação de Siriri e um grupo de Jovens.
O grupo Flor Ribeirinha, nasceu em seu quintal há 26 anos e já rompeu fronteiras dentro e fora do Brasil. O grupo se apresentou em diversos países, e conquistou um prêmio mundial na Turquia. Domingas destaca que o apoio da Universidade foi essencial, para mostrar ao mundo, a cultura popular cuiabana Mato-grossense.
Em 2020, ano em que a Universidade Federal de Mato Grosso completará 50 anos e Domingas Leonor da Silva, vai comemorar 50 anos de vida cultural. “Queremos fazer parte do aniversário desta conceituada instituição. Para mim, é muito importante. Sou grata a Deus, que sempre está me abençoada” disse ela, emocionada.