“Que você seja sempre um instrumento de mudança de vida.” Essa foi apenas uma das dezenas de mensagens de apoio que Kelly Key recebeu ao anunciar, com emoção e orgulho, sua posição como presidente do Kiala FC — clube de futebol angolano voltado à formação de jovens atletas.
Aos 42 anos, a cantora brasileira foi amplamente elogiada nas redes sociais pela conquista inédita e pelo impacto social do projeto. “Incrível o desejo, a vontade, o companheirismo e a dedicação de vocês”, comentou um seguidor. “Projeto lindo demais”, resumiu outro.
A repercussão veio logo após Kelly publicar um post comemorando a vitória do time nas categorias Sub-17 e Sub-19 das séries B1 do Campeonato Provincial 2025. No texto, ela celebrou mais do que os troféus: “Celebramos sonhos que ganham forma dentro de campo, vidas que se transformam pelo poder do esporte, e a força de um clube que nasceu do amor, da coragem e da nossa união como casal”.
O Kiala FC foi fundado por ela e o marido, o empresário angolano Mico Freitas, em 2024. Mais do que um clube, a iniciativa funciona como um projeto de transformação social por meio do esporte, oferecendo, além do treinamento esportivo, apoio educacional e desenvolvimento pessoal. Parcerias internacionais já estão em andamento, entre elas, uma colaboração com o Flamengo, voltada à captação de talentos angolanos.
Mas o que chamou atenção do público foi a potência do gesto de Kelly ao ocupar um espaço raríssimo para mulheres, especialmente na África. “Ser a única mulher na presidência de um clube de futebol em Angola e, talvez, em toda a África, não é sobre vaidade. É sobre visão! É sobre ocupar um lugar onde disseram que não era para mim. Ou pior: onde muitas vezes nem disseram nada, porque preferiram dirigir a palavra a um homem. Mas eu sigo. Firme. Presente. E no centro do campo. Porque liderança não se impõe. Se constrói. Com constância, coragem e amor pelo que se faz!", escreveu ela.
A fala impactante ganhou força entre seguidores, especialmente mulheres. “Que essa vitória inspire cada mulher a acreditar que é possível ocupar todos os espaços”, disse, no mesmo post. Para Kelly, a conquista é coletiva. “Essa vitória não é só minha. É de todas as mulheres que sonham com espaços que ainda parecem inalcançáveis. E é dos meninos que crescem aprendendo a respeitar mulheres que lideram”, completou.
Nas redes sociais, frases como “Onde os sonhos jogam” e “liderança não tem gênero” viralizaram ao lado de imagens de Kelly em campo, troféu nas mãos e sorriso no rosto. A comoção tem motivo: mais do que uma transição de carreira, trata-se de um reposicionamento corajoso. Uma artista pop conhecida no Brasil por hits dos anos 2000 agora ocupa a linha de frente de um projeto esportivo em solo africano, apostando na formação cidadã de jovens e na ocupação de espaços por mulheres.