Luiz Antônio Costa mal sabia ler e escrever, e construiu um império em Uberaba (MG): uma reserva ecológica formada por animais exóticos de diversas espécies. A propriedade de um milhão de metros quadrados é também sua casa atualmente e vale mais de U$ 50 milhões, o equivalente a R$ 150 milhões
Em entrevista ao Domingo Show na última edição do programa, o idealizador das botas Zebu — sucesso de venda nos anos 80 e 90 — contou detalhes de sua história impressionante.
Ele é autor do livro De boia-fria a empresário internacional, e tem cidadania americana e brasileira. Enquanto toda a sua família vive nos Estados Unidos, ele vive isolado nesta fazenda milionária. Sua riqueza veio da fabricação das botas Zebu.
— A gente vê que existe a presença de Deus porque mal sei ler e escrever, né?
A ideia de criar a botina, surgiu da observação.
— Os fabricantes ficavam disputando um com o outro quem vendia mais barato. Eu quebrei o paradigma. Eu queria que durasse mais. Quando eu entrei nesse setor, uma botina durava um mês. Quando eu deixei de ser empresário, a botina durava um ano. Isso sem aumentar o custo! Apenas com tecnologia e inteligência.
Calçando a própria criação, ele disse que a família continua produzindo botinas no exterior. Só que de outro tipo.
— Hoje a botina que a nossa família produz dura cinco anos!
A marca explodiu com a imagem de Angélica como garota propaganda.
— Aí eu precisava de uma pessoa que tinha uma força espiritual também que, no caso, foi a Angélica. A Angélica que me ajudou a divulgar o produto e fazer as mulheres usar botina. Ela tinha a mancha na perna e toda a imprensa queria mostrar. Então, a hora de mostrar a mancha, mostrava a botina também porque um fica perto do outro. Simples assim
— Eu coloquei toda a infraestrutura da Zebu à disposição dela. A família dela me pediu pra tirar o empresário dela que ficava roubando. Aí eu falei: "Vamos reunir as provas". Aí nós conseguimos retirar ele. Aí começou o problema porque eu tive que tomar conta dela até colocar uma pessoa da família no lugar pra ela andar com as próprias pernas.
A fábrica chegou a produzir 16 mil pares por dia, com 1300 funcionários e dois galpões. A equipe trabalhava em três turnos.
— Como o foco era durabilidade e conforto, nós chegamos no top mesmo. Os fabricantes antigos se preocupavam só com custo. Eu também coloquei um número maior nas botinas porque só tinha até o número 40. O meu foco era dar o primeiro emprego. A hora que a mãe chegava com um jovem lá, eu arrepiava de emoção!
Seus funcionários recebiam uma cesta básica semanal com frutas e verduras da época e uma mensal.
— Tudo o que eu sonhei, eu primeiro dava um presente pra mim porque se eu ficasse alegre, eu contagiava as outras pessoas. A maioria dos empresários paga todo mundo e deixa ele por último. Qual motivação você vai ter? Você tem que ser o primeiro a desfrutar do seu trabalho. Aí depois você vai dividir. O que o dinheiro pode comprar, eu desfrutei bastante.
Com a primeira grana, Luiz comprou uma moto 750 e uma Kawasaki 1000 que era famosa na época.
— Eu tinha duas. Uma pra mim e outra pra emprestar pro amigo. Eu gostava de andar com os meus amigos... Eles não tinham moto e eu emprestava pra eles.
Até avião ele teve!
— Por a terra ser vermelha, essa propriedade era muito barro e muita poeira. Toda vez que eu chegava em casa, sujava a casa. Era poeira e barro. Um dia eu tomei uma decisão: troquei a propriedade num avião. Depois de 8 meses, o piloto falou: “Nunca vi um cara tão burro igual você. Se você pode alugar a aeronave que você quer, do tamanho que você quer, pra quê um avião?”
Pensando nisso, ele recuperou a propriedade e a reformou toda. Plantou árvores, colocou grama e foi buscar animais de outros lugares do planeta.
— Aqui tem 600 caminhões de grama plantado que vem lá de São Paulo!
Com o sucesso, o rei das botinas começou a aparecer em programas de televisão, revistas e ganhou asas: foi produzir nos Estados Unidos.
— Abri a Zebu Corporation em Miami e mandei muita botina pra lá e de lá eu distribuía.
As mulheres mais cobiçadas da época começaram a se relacionar com o milionário.
— Meus amigos me desafiavam. Aí eles falavam: "Você escolhe qual que vocês querem que eu vou!" E eu sabia conversar. Eu não sei o que é pagar mulher, mas se ela olhar dentro do meu olho fica hipnotizada
Na época, Luiz colecionou inimigos.
— Quando você sai do zero e constrói alguma coisa, te colocam tudo quanto é rótulo. Quando você começa a ganhar muito dinheiro, você vira “traficante” na hora. Eles não entendem que o que manda é o volume de venda! Eu que era o chefe de venda. Trabalhava na área comercial, que é o que eu sei fazer
— Tem jeito de divulgar um produto, sem aparecer? A minha família, por exemplo, acha que eu sou o culpado por essa perseguição porque eu aparecia muito. Eu fui rei da botina. Não tem como mudar a história. É fato! Quem usou a minha botina, nunca mais parou de usar.
Por 10 anos, a marca Zebu bombou no Brasil. Um par da botina custava de R$ 60 a R$ 70. A produção parou por falta de motivação, segundo Luiz.
— A Zebu existe, não deve um único centavo. Nem pra fornecedor e nem pro governo. Mas a produção parou por causa de motivação. Quando eles quebraram o meu sigilo bancário a primeira vez, eu pensei comigo: “Deixa esse dinheiro ir pra construir escolas, rede de esgoto...tudo”. Mas, meu advogado como ganhava mensalmente, queria mostrar serviço. Ele falou: “Luís, vamos fazer um depósito na justiça e vamos discutir”. Faz 20 anos que foi feito esse depósito e nem eu, nem eles conseguem por a mão no dinheiro. Tá lá parado. Nos dias de hoje, esse dinheiro vale um milhão e pouco.
A justiça brasileira começou a investigar a vida do empresário. Contrariando boatos, ele disse que não está falido e tem muito dinheiro na "terra do Tio Sam".
— Aí eles quebraram novamente o meu sigilo bancário, da empresa e de toda a família. Aí eu parei e devolvi os 1200 funcionários pra sociedade porque eu era o maior contribuinte de imposto da cidade. A cidade ficou sem esse imposto. Quem perdeu? Só a cidade!... Minha família está nos Estados Unidos há 30 anos e meu sobrinho, minhas irmãs já casaram com americanos. Eu tenho muito dinheiro só que lá na "terra do Tio Sam".
Com a situação extrema, ele se isolou nesta fazenda que chama de reserva ecológica.
— Eu me isolei!... Foi traição demais. Eu quero é me fingir de morto mesmo. A sociedade é podre. Ali é que está a lavanderia, a lavagem de dinheiro.
No local, Luiz construiu um império com girafas, zebras, lhamas, antílopes, 35 lagos, mais de mil bois, entre outros.
— Aqui foram 15 anos de obras. Foram investidos 50 milhões de dólares. Agora, existem pessoas querendo comprar isso aqui a preço de fazenda normal. Mas, eu daria de graça um milhão de metros quadrados! Você só me pagaria o que investi aqui: 50 milhões de dólares. Além do meu tempo e minha dedicação
A ideia de cuidar de animais, começou na infância.
— Em Campos Floridos, onde eu nasci, as pombinhas moravam dentro da igreja. Então, elas defecavam em plena missa. Nem o padre conseguia fazer o pessoal concentrar! Aí o padre deixou as crianças pegarem as pombinhas e eu peguei e comecei a criar elas na minha casa. Daí pra frente, virou uma paixão. Mas, eu gosto de animal solto
A girafa, por exemplo, chamada carinhosamente de "Loira" veio da Tchecoslováquia.
— Foi um ano de viagem pra chegar até aqui. Aqui tem dourado de 20 quilos, pacu de 30 quilos. Aqui é infestado de peixe e nós temos um laboratório de criação...
Quando morrer, toda essa herança vai ficar para o caseiro Reginaldo e sua família. Ele trabalha há 25 anos com Luiz e tem 42 anos. O criador das botinas Zebu está com 60 anos.
— O Reginaldo, na época, era o mais jovem. Eu escolhi o fator pela idade porque tudo o que eu sabia sobre animal, sobre natureza, eu apostei nele. Tinha certeza que era ele, a partir do momento que eu pensei comigo. Como eu tenho vasectomia, eu não tinha como ter filho. Quando eu combinei com ele de ter filhos e ele aprovou a ideia, pra mim era a pessoas que eu confiava!
Apesar de repassar os bens, ele acredita que "ninguém é dono de nada".
— Na realidade, nós estamos aqui nessa terra de passagem. Ninguém é dono de nada não. Ele vai dar continuidade ao meu trabalho. Ele não pode sair do que eu idealizei: um santuário ecológico. Aqui nós somos escravos dos animais.
— O dinheiro é bom pra você comprar as coisas materiais que você precisa no dia a dia. Mas, pra ser feliz de verdade, você precisa de muito pouca coisa. A minha família ainda tem o no hall da botina que mais dura nesse país. Quem sabe esses meninos me dão inspiração e eu volte a ser empresário?! Não está descartado!
As crianças de Reginaldo também chamam Luís de pai.
— Nos próximos 10 anos eu vou cuidar deles [das crianças]. Eles representam tudo na minha vida! Eu tive que rodar o mundo inteiro pra descobrir que a pessoa mais importante é quem faz a comidinha da gente, arruma a caminha da gente, quem tolera a gente! O prazer da vida não é ter. É desfrutar! Nós estamos de passagem aqui.
Claudionor ramos goes
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