A Intenção de Consumo das Famílias (ICF), apurada pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado (Fecomércio/MT), no mês de setembro, revelou que o ICF das famílias cuiabanas atingiu o mais baixo nível da série histórica local, 76,7 pontos, indicando pessimismo, já que abaixo dos 100 pontos o indicador entra na zona considerada negativa, apontando para uma insatisfação com a situação atual. Situação essa que se repete desde o mês de julho.
Ainda conforme o levantamento divulgado ontem, o pessimismo é ainda maior quando se avalia isoladamente a percepção das famílias que ganham até 10 salários mínimos. Nesse grupo o ICF ficou em 75,9 pontos. Nos dois índices, as médias aferidas entre as famílias cuiabanas estão bem abaixo dos 79,8 pontos verificados pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) no país, para o mesmo período.
Em setembro de 2014, o ICF na Capital de Mato Grosso era de 119,8, ou seja, havia um cenário de otimismo de grande tendência ao consumo. No intervalo de um ano, o indicador perdeu fôlego e despencou 73,1 pontos percentuais (p.p.). Durante a pesquisa, quando questionados sobre a intenção de consumir, mais de 58% dos entrevistados disseram que vão consumir menos que no segundo semestre de 2014. A resposta está atrelada a uma série de inseguranças, tanto em relação à manutenção do emprego como da renda familiar, da falta de perspectiva de ampliação da renda, do temor em acumular dívidas, como também na realidade de dívidas que já não estão sendo mais pagas. As famílias com renda de até dez salários mínimos são as que mais pessimistas em relação aos próximos meses.
Cerca de 500 famílias foram entrevistas nos últimos dez dias do mês de agosto. O ICF tem como foco a avaliação que as famílias fazem exclusivamente sobre os aspectos que envolvem o seu orçamento doméstico e seu nível de consumo, presente e de curto prazo.
No país o ICF registra queda pelo 8º mês consecutivo, e todos os quesitos seguem nos menores valores da série histórica, iniciada em 2010.
Segundo a CNC, nem mesmo a desaceleração da inflação em agosto – que ficou, de acordo com dados do IBGE, em 0,22%, ante 0,62% de julho – animou as famílias a retomar as compras. O componente Nível de Consumo Atual é um dos mais baixos, registrando 59,9 pontos – quedas de 3,9% em relação ao mês de agosto e 41% na comparação anual. A maior parte das famílias (55,8%) declararam estar com o nível de consumo menor que o do ano passado.
O quesito que mede a intenção de compra de bens duráveis é o que registra o menor nível da ICF, com 52,5 pontos. O subitem apresentou retrações de 3,4% na comparação mensal e 51,8% ante o mesmo período do ano passado. O elevado custo do crédito e o alto nível de endividamento permanecem como os principais motivadores do enfraquecimento na intenção de compras a prazo.