O Sindicato do Comércio Varejista de Produtos Farmacêuticos de Mato Grosso (Sincofarma-MT), dos donos de farmácias, defende medidas audaciosas num acordo coletivo aos farmacêuticos mato-grossenses. Sindicatos e representantes dos trabalhadores falam que redes como Única Farmácia, Drogaria São Paulo e Drogasil querem “escravizar os farmacêuticos”.

O FOLHAMAX teve acesso a um ofício do Sincofarma do dia 25 de maio de 2023 referente à negociação coletiva da categoria de farmacêuticos do período 2023/2024 “discutida e aprovada pela categoria patronal”. A organização faz parte da Federação do Comércio de Mato Grosso (Fecomércio).

Logo no início, o documento já avisa que a proposta anterior, que não previa reajuste salarial aos farmacêuticos neste ano de 2023 em razão de uma suposta “quebradeira geral”, foi alterada pelos donos de farmácias. Agora, com o objetivo de “mantença dos empregos”, uma "contraproposta" foi realizada, que “garante” ao farmacêutico recém-formado 60% do piso da categoria durante 60 meses – ou 5 anos.

Atualmente, o piso salarial dos farmacêuticos para uma jornada de 44 horas semanais é de R$ 4,2 mil em Mato Grosso. Assim, a proposta do Sincofarma tenta reduzir para quase a metade desse valor, prevendo um subsídio de R$ 2,5 mil por mês (durante 5 anos).

A “proposta” dos empresários segue, e também estabelece que a cada período de 60 meses trabalhados (os mesmos famigerados 5 anos), numa mesma empresa, o farmacêutico terá um "aumento" de 1% no salário.

Ainda de acordo com os desejos dos empresários, o pagamento de hora extra deixará de ser obrigatório, que serão computadas num “banco de horas”. Os trabalhadores também perderiam o direito de não trabalhar por dois domingos seguidos, fazendo jus a somente um domingo de folga por mês.

“Caso não firmado nova convenção até 30.06.2023, a categoria patronal não prorrogará a ‘data base’ e não pagará retroativo, passando à ser considerado como data inicial da nova data base a data de assinatura da nova convenção coletiva de trabalho”, ameaçam os empresários.

A “cereja do bolo” da proposta, segundo os trabalhadores, é a “transformação” dos farmacêuticos em “empresas individuais” (MEI), sem direito a férias, 13º salário, licença-maternidade e outros benefícios. A discussão entre empregadores e empregados segue em Mato Grosso.

Apesar da alegada “quebradeira geral”, e da ameaça de demissões, ditas de maneira expressa na proposta dos donos de farmácia, o setor é um dos que mais cresceram no ano passado. De acordo com a IQVIA Brasil, líder global em análises de mercado, o setor varejista farmacêutico faturou nada menos do que R$ 184,2 bilhões no país em 2022.

O comércio varejista de farmácias, ainda de acordo com a pesquisa, cresceu 16,2% no ano passado – mesmo patamar esperado para 2023.

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