O juiz da 7ª Vara Criminal de Cuiabá, Jean Garcia de Freitas Bezerra, negou a ocorrência de prejuízos à defesa do advogado e contador Anilton Gomes Rodrigues. Ele é apontado como o suposto líder de um esquema de sonegação de impostos de mais de R$ 337,3 milhões revelado na operação “Fake Paper”.
Em decisão publicada nesta quarta-feira (30) o juiz não acatou os argumentos do advogado, que alegou que não teve acesso ao conteúdo da quebra de seu sigilo telefônico realizado na operação “Fake Paper”, o que teria prejudicado sua defesa. “A autoridade policial encaminhou a esta Vara Especializada um CD contendo o relatório e um DVD contendo todos os áudios das interceptações telefônicas. Posteriormente, o Ministério Público requereu a permanência dos autos cautelares em secretaria, a fim de garantir o acesso das partes ao conteúdo das interceptações, pedido que foi devidamente autorizado pelo Juízo competente à época”, esclareceu o magistrado.
Ainda na decisão, o juiz intimou as partes para uma audiência no dia 29 de julho de 2025 às 14h, de forma virtual. Segundo a Polícia Judiciária Civil (PJC), que deflagrou em 2019 a operação “Fake Paper”, uma organização criminosa seria responsável por falsificação de documentos, selos e sinais públicos.
As investigações revelam que seus integrantes teriam promovido a abertura de empresas de fachada, visando disponibilizar notas fiscais frias para utilização de produtores rurais e empresas nos crimes de sonegação fiscal. O esquema também possibilitou a prática de crimes não tributários, como fraude à licitação, e até “esquentar” mercadorias furtadas ou roubadas, de acordo com a PJC.
Um levantamento da Secretaria de Fazenda de Mato Grosso (Sefaz-MT) constatou que, juntas, as empresas Rio Rancho Produtos do Agronegócio Ltda. e Mato Grosso Comércio e Serviços e a B. Da S.. Guimarães Eireli – acusadas de fazer parte do esquema -, emitiram R$ 337.337.930,11 em notas frias, gerando um prejuízo “alarmante” ao Estado.