Economia Domingo, 16 de Março de 2014, 21h:54 | Atualizado:

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MT só tem dois mil veículos movidos a gás natural

 

Da Redação

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A frota de automóveis, caminhões,carretas, micro-ônibus, reboques, caminhonetes e até motocicletas movidos a gás em Mato Grosso chegou a 2,191 mil unidades no ano passado. Do total de veículos, apenas 432 passaram por inspeção em 2013 nas duas empresas autorizada a fazer esse trabalho no Estado.

Em uma delas, na Seta Instituição Técnica de Inspeção Veicular, este serviço prestado no ano passado foi 44,7% menor que o número de inspeções feitas em 2010 (719). “Estamos perdendo clientes nos últimos 3 anos. Eles estão andando ilegalmente ou estão retirando o GNV devido à insatisfação”, avalia a engenheira mecânica da Seta, Andressa Carvalho, ressaltando que a inspeção obrigatória é anual.

A retração no consumo do Gás Natural Veicular (GNV) apurada pela Associação Brasileira das Empresas Distribuidoras de Gás Canalizado (Abegás) indica a última hipótese. Diferentemente da indústria, a comercialização de GN no setor automobilístico diminuiu 9,31% no ano passado. Para a engenheira, o potencial do Estado precisa ser “lapidado” e a falta de informação é um dos desafios. “As pessoas não sabem como é ter um veículo com GNV. Hoje, a insatisfação ocorre em relação ao posto de combustível. O cliente tem que passar em 3 postos para encher os cilindros porque as bombas não têm pressão suficiente”, afirma Andressa.

A gestora administrativa da Monitor Inspeção Veicular, Tatiana Soares Araújo, acredita que o problema é a falta de fiscalização da periodicidade de vistorias nos automóveis. Tatiana recorda que há cerca de 4 anos, o Detran começou a bloquear a liberação do item GNV como opção de combustível nos documentos dos veículos que não tivessem o Certificado de Segurança Veicular (CSV). “Mas, ao invés de as pessoas irem se regularizar, elas se afugentaram. Ou o sistema ficou frágil, fácil de burlar. Na blitz de trânsito, por exemplo, não se verifica e exige selo e documento legalizado com GNV. Permite pessoal para andar mais irregular”, alerta a gestora.

O “ruído” de informação criado quando se fala a respeito das características do gás natural também é um forte inibidor deste mercado, na avaliação de Tatiana, que cita o caso de frentistas que pedem para os motoristas saírem do veículo para que possam abastecer os cilindros por medida de segurança. Outro pedido que, conforme a gestora, ajuda a criar “mitos” sobre o combustível é a necessidade da abertura do capô do carro para ventilação. Na verdade, a medida serve para a verificação dos equipamentos instalados no carro. “Abrem para ver se não tem um botijão de gás de cozinha junto com o cilindro. Mas não falam isso. Em 1990, o gás de cozinha era usado, mas sozinho”. A profissional frisa que a tentativa de buscar economia pelos próprios proprietários traz riscos à segurança deles porque o GNV e o GLP são incompatíveis.

Além disso, a lista de problemas continua. “Nós temos um problema sério hoje em relação aos equipamentos colocados nos postos de combustíveis. Eles estão dando muita dor de cabeça e os proprietários de carros ficam muitas vezes desassistidos”, reconhece o engenheiro responsável da GNC Brasil, Francisco Jammal Soares de Almeida. A empresa, que faz a distribuição do gás para indústrias e postos de combustíveis no Estado, prevê para março o início dos testes de um equipamento nacional que potencializará a pressão para que os postos consigam abastecer o cilindro dos veículos com o gás comprimido.

O investimento será elevado, por isso, conforme Almeida, a GNC está levantando propostas para equacionar o custo. “Estamos abastecendo regularmente. Não falta gás nos postos. Os problemas são pontuais, técnicos e até por questões do trânsito não conseguimos atender o posto na rapidez que ele precisa. Mas eles não estão sozinhos na luta. Estamos providenciando a solução para dar respaldo técnico ao posto”.

O taxista Jurandir Bispo Lima aluga o carro e o ponto onde trabalha. No veículo anterior, ele tinha a opção de abastecer com GNV. “Se eu pudesse escolher seria o gás. Com certeza! A economia que você tem é grande. Às vezes, pode faltar gás e o aparelho (do posto) dar problema (pressão) e não abastecer direito, mas sem dúvida é econômico”, avalia Lima, incluindo na lista os custos de instalação e vistoria. No Estado 2 estabelecimentos têm autorização do Inmetro para fazer a conversão de veículos.

Na opinião de Wilson Lopez Vargas, proprietário de uma das empresas instaladas em Cuiabá, nos últimos meses, a margem custo/ benefício também recuou por conta das altas do combustível nos postos, provocando uma “fuga”

dos clientes. O empresário conta que chegou a fazer de 20 a 25 conversões por mês, o dobro do serviço contratado em fevereiro. Segundo ele, a falta de divulgação do GNV e a melhora na qualidade do atendimento nos postos compõem a lista de ações necessárias para mudar esse quadro.

A manutenção dos equipamentos nos postos é hoje a grande reclamação dos usuários. A pressão é muito baixa. Para José Maria da Silva Júnior, sóciogerente da Soma GNV, a falta de divulgação do produto é um grande empecilho para expansão do setor. “A economia em relação à gasolina é de 50% à 60%. O que inibe a conversão da GNV não é a qualidade do produto. Um carro vai com R$ 30 até Rondonópolis (cilindro de 15 m3). O que acontece para o motorista não querer converter é a falta de informação ou o posto com baixa pressão, mas não falta gás. O governo federal disse que não ia faltar gás. O que houve no ano passado foi problema de repasse do governo estadual para Bolívia”, afirma Júnior, ao se referir ao corte temporário do fornecimento de Gás para Mato Grosso por falta de pagamento.

Atualmente, a empresa converte em média 4 carros por mês. “Eu tenho capacidade para converter 2 carros por dia”. Silva frisa que o problema é a compressão nas bombas dos postos por causa da falta da manutenção preventiva. “Para abastecer um cilindro de 20 m3 são 5 minutos, se tiver com boa pressão. Se não, levam 10 minutos e não abastece os 20 m3. Ele aumenta o número de veículos, mas coloca menos GNV. Não consegue exercer

toda a carga dele. Aumenta a clientela, vendendo pouco”.

Poucos pontos para conversão, inspeção e até mesmo abastecimento limita a expansão do combustível em Mato Grosso; apesar de mais econômico falta credibilidade no sistema, que já enfrentou corte no fornecimento por parte da Bolívia. Crescimento esbarra na falta de estrutura Instalação dos kits de gás natural nos veículos caiu nos últimos anos e setor enfrenta crise

De acordo com a coordenadora de Registro Nacional de Veículos Automotores (Renavam) do Detran, Maria do Carmo Rodrigues, algumas situações podem explicar os números de inspeções. Dentre elas, o fato de que as vistorias e certificações dos veículos registrados em Mato Grosso podem ser feitas em outros Estados e parte da frota a gás pode estar fora de circulação. Maria do Carmo explica que os proprietários que desistem do combustível e deixam de fazer as inspeções são obrigados a alterar a documentação. A liberação do licenciamento só ocorre depois.





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