O Botafogo é muito mais que um clube. "É uma predestinação celestial", diria Armando Nogueira. A advogada Nayara Portocarrero, 35, e o empresário Rodrigo Travassos, 43, são a prova viva desse sentimento. Ela, cuiabana de tchapa e cruz, e ele, cuiabano de coração, agora se desdobram para acompanhar o time do coração no Mundial de Clubes, disputado nos Estados Unidos.
Rodrigo nasceu no Paraná, mas morou em Cuiabá entre 1990 e 2022, onde a família ainda vive. “Fui adotado pela cidade”, ele brinca. Na sexta-feira (27), ele embarcou rumo à Filadélfia, cidade da Pensilvânia, onde o Botafogo encara o Palmeiras neste sábado (28) pelas oitavas de final.
Ele comprou uma passagem flexível para a volta, que lhe permite mais liberdade para alterar ou cancelar caso o clube avance na competição. "Se por um acaso o Botafogo passar de fase, eu vou assistir o outro jogo na sexta-feira. E assim por diante, se Deus quiser", explica.
Caso elimine o Palmeiras, o Glorioso, como também é conhecido o time da Estrela Solitária, irá enfrentar, na próxima sexta-feira (4), o vencedor de Benfica e Chelsea, na mesma Filadélfia.
Nayara atualmente tem a vida entre a capital mato-grossense e São Paulo - ela possui escritórios de advocacia nas duas cidades. Ela viajou aos Estados Unidos para acompanhar o confronto do Botafogo contra os dois europeus - Paris Saint-Germain (PSG) e Atlético de Madrid - na fase de grupos.
"O jogo do PSG foi emoção do início ao fim, um duelo histórico. Foi algo emocionante, de sair o coração pela boca”, ela conta sobre a vitória em cima do atual campeão europeu, no dia 19.
Ela chegou em Los Angeles no último dia 18, na companhia de uma amiga botafoguense. Nayara não irá conseguir acompanhar o próximo jogo, contra o Palmeiras, mas garante que voltará aos Estados Unidos caso o Glorioso chegue até a final do Mundial: "Com certeza eu venho".
Do inferno ao céu
"Há coisas que só acontecem ao Botafogo". A frase, cunhada pelo escritor e botafoguense Paulo Mendes Campos, fez ainda mais sentido em 2023, depois do Glorioso ter uma das maiores derrocadas já vistas no futebol.
O título brasileiro, que não vinha desde 1995, parecia certo, mas o destino tinha outros planos para os torcedores.
Nayara e Rodrigo acompanharam de perto a campanha frustrada de 2023, inclusive em jogos no estádio Nilton Santos. "O título estava nas mãos, foi decepcionante", conta a advogada.
Mas a Estrela Solitária ganhou companhia. A conta do sofrimento veio em dobro em 2024, e o Botafogo conquistou o Campeonato Brasileiro depois de 29 anos e venceu o título inédito da Libertadores.
Os dois estavam lá, no Rio de Janeiro, quando a vitória sobre o São Paulo garantiu o Brasileiro, e em Buenos Aires, no 3 a 1 contra o Atlético-MG que fez o Glorioso conquistar a América.
"Foi como lavar a alma", Nayara descreveu.