A presidente Dilma Rousseff participa nesta quinta-feira, 24, de evento em Cuiabá numa arena inacabada em uma sede na qual os problemas de mobilidade estão maximizados por diversas obras ainda em andamento e sob risco de não estarem prontas até a Copa do Mundo. O governo local promete cumprir o cronograma, à exceção da obra principal, o VLT, que ligaria o aeroporto ao centro da cidade. O Tribunal de Contas do Estado (TCE-MT) diz que faltou planejamento, enquanto órgãos da sociedade civil, como a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), afirmam que a cidade não terá legado, mas um "passivo" pós-Copa.
A visita foi adiada em março devido ao atraso das obras da Arena Pantanal. Agora, em vez de fazer a inauguração, Dilma participará apenas de uma "visita técnica". Segundo a própria secretaria da Copa do Mato Grosso, além do acabamento, ainda precisam ser instaladas oito mil cadeiras. Apesar de receber no sábado a partida entre Luverdense e Vasco pela Série B, a arena só deverá ficar pronta em maio. O primeiro jogo da Copa na cidade é em 13 de junho entre Chile e Austrália.
"O que a presidente fará é uma visita técnica como fez em outras arenas em obras. A inauguração será realizada em data oportuna", disse o secretário da Copa no MT, Maurício Guimarães.
CIDADE-SEDE
O atraso no estádio só é menor que o das obras de mobilidade urbana. O Tribunal de Contas do Estado divulgou nesta quarta um relatório sobre o cronograma de 16 intervenções prometidas para a Copa que ainda não foram entregues. Classificou como crítica a situação de várias delas. O governo culpa as chuvas pelo atraso. "A questão é que tivemos o maior índice pluviométrico dos últimos 40 anos", diz o secretário da Copa. Para o relator no TCE, porém, faltou planejamento. "Isso era algo planejável, passível de ser previsto e o tribunal já tinha alertado antes que as obras não evoluiriam quando chegasse o período de chuvas", diz o conselheiro João Batista Camargo.
Principal obra na Matriz de Responsabilidades, o Veículo Leve Sobre Trilhos (VLT), que ligaria o aeroporto, que fica em Várzea Grande (MT), ao centro de Cuiabá, nem é considerada mais como empreendimento da Copa, porque o próprio governo local trabalha com a data de dezembro deste ano para conclusão. Boa parte dos 22 quilômetros do empreendimento estão ainda na fase de terraplanagem e o governo quer apenas reduzir os transtornos na parte próxima ao aeroporto, área em que a desordem é mais visível. A ampliação do terminal aeroportuário, de responsabilidade da Infraero, está atrasada, mas há previsão de que fique pronto a tempo, ainda que incompleto.
Enquanto os governos mantém a promessa de conclusão, na sociedade civil crescem movimentos de questionamentos à condução das obras. A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), o Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (CREA) e o Conselho Regional de Contabilidade (CRC) formaram um grupo para fiscalizar os empreendimentos. Reclamam de falta de transparência e duvidam do sucesso nas obras. "Em vez de ter um legado, teremos um passivo. Mesmo as obras que ficarem prontas estão sendo feitas sem as melhores técnicas e isso gerará prejuízo futuro para os contribuintes", diz o presidente da OAB-MT, Maurício Aude.
Nego Preto
Quinta-Feira, 24 de Abril de 2014, 15h40