Flamengo e Cuiabá nunca se enfrentaram pelo Campeonato Brasileiro, mas há um elo na história dos dois clubes.
Luís Carlos Toffoli, o Gaúcho, marcou seu nome nos dois times. No Flamengo, o ex-atacante virou ídolo ao ser campeão brasileiro em 1992. Após pendurar as chuteiras, saiu do Rio de Janeiro e, fã de pescaria, decidiu ir morar no Mato Grosso. Lá, em 2001, fundou o Cuiabá Esporte Clube.
A princípio, a ideia de Gaúcho era ter um clube amador que disputasse as competições de base do estado. Tanto, que, primeiro, o projeto era a "Escolinha do Gaúcho". Mas o plano cresceu. Em 2003, o Cuiabá, já profissionalizado, conquistou pela primeira vez o campeonato estadual.
Gaúcho ficou no comando do clube até 2006, quando abriu mão de sua participação para os outros dois sócios fundadores, Neto e William Nepomuceno. O Cuiabá se licenciou e só retornou às competições em 2009, após ser comprado pela família Dresch, no comando do clube até hoje.
Gaúcho morreu em março de 2016, vítima de um câncer de próstata. Se estivesse vivo, teria um orgulho enorme de ver frente a frente na elite do Brasileiro e sua cria e o bicampeão Flamengo, onde viveu alguns de seus melhores momentos na carreira. Viúva do ex-atacante, a atriz Inês Galvão acredita que seria um dia muito especial para ele por reunir duas de suas paixões.
- Eu acho que o Gaúcho estaria orgulhosíssimo de o time dele estar jogando contra o Flamengo. Era o sonho dele. O Flamengo, clube que deu tanta alegria e momentos bons a ele... era o time do coração. Tinha amor. Mas também tinha amor ao Cuiabá, que ele fundou e levou a vitórias nos dois primeiros anos. Ele criou o Cuiabá para ser campeão. Ele estaria muito feliz, mas não sei para qual lado o coração iria. Certamente estaria muito nervoso, tenso, sem mover um músculo da face. Qualquer resultado ele estaria feliz, mas, no fundo, acho que uma vitória do Cuiabá sobre o Flamengo, mesmo sendo seu time do coração, ele se sentiria muito honrado e orgulhoso. Ele fundou o clube com muito carinho e se dedicou muito - disse Inês Galvão.
Ídolo do Flamengo nos anos 1990
Gaúcho não viu a ascensão do Cuiabá até a Série A do Campeonato Brasileiro e também não acompanhou a consolidação da recuperação do Flamengo no cenário nacional nos últimos anos.
Extrovertido, Gaúcho foi um dos protagonistas do Flamengo no início da década de 1990. Criado nas divisões de base do clube, não conseguiu espaço no início da carreira e precisou rodar por outros times nos anos 1980.
Neste período, virou até goleiro. No Brasileirão de 1980, o regulamento previa decisão por pênaltis em todos os jogos que terminassem empatados. Defendendo o Palmeiras, precisou ir para o gol após a lesão do Zetti. E brilhou ao pegar as cobranças de Aldair e Zinho.
A segunda passagem de Gaúcho pelo Flamengo se iniciou em 1990 e durou até 1993, repleta de gols e títulos. Famoso pelos cabeceios certeiros, Gaúcho conquistou a Copa do Brasil de 1990, o Campeonato Carioca de 1991 e o Campeonato Brasileiro de 1992. Ao todo, foram 199 jogos e 98 gols.
O desempenho de Gaúcho gerou, inclusive, uma transferência inusitada: em 1991, após se destacar contra o Boca Juniors nas quartas de final Libertadores, foi contratado de forma relâmpago pelo clube argentino, somente para a disputa dos dois jogos da final do Campeonato Argentino, contra o Newell's Old Boys. Entretanto, não foi bem e logo retornou ao Flamengo.
Em 1992, Gaúcho viveu seu ápice no Flamengo. Foi o comandante do ataque na conquista do Brasileirão num time que tinha ainda o veterano Junior e garotos surgindo, como Junior Baiano, Nélio, Paulo Nunes e Marcelinho Carioca.
Gaúcho deixou o Flamengo em 1993. Ainda passou por Lecce (Itália), Atlético-MG, Ponte Preta e Fluminense, até encerrar a carreira em 1996, pelo Anápolis, de Goiás. Depois, se mudou para o Mato Grosso, onde anos mais tarde fundaria o Cuiabá.
Nesta quinta-feira, pela oitava rodada do Campeonato Brasileiro, Flamengo e Cuiabá se enfrentam pela primeira vez na competição e, de certa forma, darão continuidade à história de Gaúcho. A partida acontece às 20h (de Brasília), na Arena Pantanal.
Orlando de Oliveira Antunes
Quarta-Feira, 30 de Junho de 2021, 10h02Aldo tomando Caldo
Quarta-Feira, 30 de Junho de 2021, 10h00