Após esperar por mais de seis horas com o filho morto no colo, Marcos Antônio Brandão, 50, teve que levar por conta própria o corpo de Mayke Brandão Bernardes Dias, 7, para o Instituto Médico Legal (IML). A criança foi atropelada e morta na MT-060, próximo à comunidade Mata Cavalo, às 15h de segunda-feira (3) e o rabecão chegou ao local para recolher a vítima depois das 22h.

O menino foi enterrado na manhã desta Quarta-feira de Cinzas em um cemitério da cidade de Várzea Grande, onde reside a família da criança que está revoltada com todo descaso do Poder Público. Para o pai da vítima, a demora do IML para retirar o corpo do filho da rodovia foi somente uma das atitudes de descaso do governo do Estado em relação ao atropelamento.

Reclama da atuação da Polícia Militar durante a ocorrência, da demora para fazer o atendimento e do fato de o motorista Genival Manoel da Silva não ter sido preso, uma vez que portava uma espingarda, transportava duas crianças dentro do veículo sem cadeira apropriada e apresentava sinais de embriaguez. “Queria saber como o governador quer fazer Copa do Mundo se não consegue nem retirar um cadáver da rua”.

Marcos relata que ele, a esposa Maria de Lourdes Bernardes, 4 filhos e a nora voltavam de uma viagem do Pantanal quando a van da família estragou na MT-060. Ele foi até a comunidade Mata Cavalo, ligou para um irmão para pedir ajuda e voltou para a van, onde amarrou uma corda com ajuda de Mayke para esperar o resgate. “Estávamos embaixo do carro quando meus outros filhos chegaram com água e nos chamaram para beber”.