Não falta mais nada. Num Campeonato onde uma equipe foi eliminada invicta e outra se classificou para a Segunda Fase sem marcar um único gol, a média de torcedores não tem passado de 600 testemunhas, os clubes pagam para jogar e a torcida toma chuva nas arquibancadas, um curioso patrocinador emergiu na noite da última quarta-feira.

Antes da bola rolar para Mixto x Cuiabá, pela segunda e decisiva partida pelas Quartas de Final do Mato-grossense, uma placa de publicidade chama a atenção no acanhado Estádio Eurico Gaspar Dutra, no bairro do Porto. Do lado da torcida cuiabanista, do Cuiabá Esporte Clube, a logomarca meio apagada e as letras miúdas para um painel estático, estampavam o nome e o telefone celular de um prostíbulo.

Poucos torcedores atentaram para o detalhe, que não passou despercebido pelo repórter fotográfico Marcos Vaillant. Logo que informados os repórteres da Rádio CBN, que transmitiam a partida, ouviram representantes dos dois clubes, e, ninguém assumiu ter negociado tal merchandising.

O assessor de imprensa do Cuiabá disse que a placa não pertencia ao clube. O Mixto repetiu a mesma fala. Na Federação Mato-grossense de Futebol (FMF), o presidente interino Luiz Wellington da Silva, se mostrou surpreendido: “Eu não reparei, vamos averiguar”, disse Wellington, sem sequer questionar o tipo de publicidade.

Como a afiliada da TV Globo em Mato Grosso transmite alguns jogos do Campeonato ao vivo, a reportagem ouviu o gerente de marketing da TV Centro América, que também desconhecia a existência da placa. Segundo Cícero Mariano a comercialização das placas e confecção das mesmas é feita pela Gráfica Print. Esta, por sua vez informou que a venda é feita pela ‘Fabinho Promoções’. Uma funcionária da empresa esclareceu que a Print só confeccionou o painel em pvc. Mais tarde, Cícero Mariano manteve novo contato com a reportagem para reafirmar que a venda dos espaços é feita pelo empresário Fábio Defanti, da Fabinho Promoções.

A jornalista Priscila Hauer, que comercializava as placas para o Campeonato, no ano passado e é esposa de Fábio Defanti, informou que a publicidade foi vendida pelo vice-presidente da FMF, João Carlos de Oliveira Santos. “Ele autorizou a placa”, disse. O dirigente, por sua vez, disse que não viu a placa do prostíbulo. “Não vi, tem que ver isso”, resumiu.

A Gazeta apurou que o proprietário da boate é José Humberto Silva, que não foi localizado para confirmar o valor pago pela publicidade. Na boate, que fica numa rua central da capital, ninguém atendeu os telefones, que certamente só devem funcionar no período noturno.