Quarta-Feira, 19 de Março de 2014, 10h28
Onofre Ribeiro
O Brasil que conspira

Onofre Ribeiro

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Todo mundo sabe que a lei anti-terrorismo que está no Congresso pra ser votada a toque de caixa é medo do governo com o fracasso da Copa do Mundo no Brasil. O escândalo armado com a morte do cinegrafista Santiago Andrade há pouco mais de um mês foi a gota d ´água que o governo precisava pra tentar abafar manifestações de rua. Alega que não adianta prender manifestantes porque não ficam na cadeia. Falta eficiência na prisão e no inquérito. No caso em questão a polícia do Rio de Janeiro foi orientada a encher as mochilas dos rapazes com bombas pra criar flagrantes falsos visando a opinião pública.

É ano de eleições e o governo sabe que as manifestações anti-copa se transformarão em seguida em manifestações anti-eleições. O pânico da presidência da República é que se perca o clima de eleições porque o Brasil inteiro se encheu do sistema político atual. Aliás, por falar em conspiração, vejamos quem está insatisfeito com o Brasil que está aí e quer as mudanças drásticas que apavoram o governo:

1 – intelectuais – apoiadores do PT em 2002 estão indignados com o que se vê;

2 – empresários – idem, temem a falta de projetos para o futuro;

3 – militares – embora não sejam mais capazes de tomar o governo, tem experiência histórica em conspirar. A insatisfação da caserna é enorme nas três forças;

4 – classe média – a mais sacrificada com impostos e com a ineficiência do Estado, paga impostos e quer mudanças;

5 – estudantes – pararam as manifestações de 2013, mas não perderam a indignação. Irão para as ruas a partir de abril próximo;

6 – a turma do rolezinho – que ensaiou no ano passado sinais de politização recuou e analistas apostam que ela se inserirá nas massas jovens manifestantes;

7 – os funcionários públicos federais – se politizaram através do corporativismo sindical ligado à CUT, agora temem perder regalias e privilégios e ensaiam pular do barco;

8 – os filhos dos pais do bolsa-família que cresceram e não tiveram educação que lhes oportunizasse o mercado de trabalho, vítimas do emburrecimento oficial proposital para mantê-los como reserva de mercado da ignorância pra votarem assim;

9 – setores esclarecidos das universidades públicas – os que não se deixaram enganar pela ideia de que antigas ideologias da esquerda salvarão o mundo e compreenderam que a educação é preciosa demais pra ser usada contra a sociedade que a financia.

Imagino que se for aprovada a lei anti-terrorismo for aprovada ela dependerá do Exército nas ruas pra impedir manifestações. Aí cabe a pergunta: insatisfeito como está o Exército sairá pra prender e bater em jovens? As polícias militares irão prender e bater nos próprios filhos?

Voltarei ao tema das conspirações.

ONOFRE RIBEIRO é jornalista em Mato Grosso

 


Fonte: FOLHAMAX
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