Mundo Sexta-Feira, 08 de Março de 2024, 08h:00 | Atualizado:

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SEGREDOS DO CRIME

Advogado morto vendeu Mercedes e juntava dinheiro para deixar sócio

Ele pretendia deixar o Rio de Janeiro

O GLOBO

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advogado morto, rodrigo marinho

 

O advogado Rodrigo Marinho Crespo, de 42 anos, assassinado em plena luz do dia no Centro do Rio, há uma semana (26/02), estava prestes a deixar o escritório onde era sócio. Testemunhas e amigos da vítima afirmaram que ele reclamava de não estar recebendo uma parte justa na sociedade. Uma das irmãs do advogado, em depoimento à Polícia Civil, revelou que Rodrigo e o sócio Antonio Vanderler de Lima Junior não eram mais amigos. À Delegacia de Homicídios da Capital (DHC), ela disse ainda que o irmão lhe confidenciou que "Junior", como Rodrigo chamava o sócio, não o respeitava mais. A vítima vendeu sua Mercedes, em novembro de 2023, e pretendia sair do Rio.

Perguntado pelo blog Segredos do Crime como estava sua relação com a vítima, uma vez que uma das testemunhas contou à polícia que Rodrigo decepcionou-se com ele, o advogado Vanderler Junior enviou a resposta por mensagem de WhatsApp: 

"Meu depoimento e as investigações estão em sigilo. A vida profissional do Rodrigo é pública, como sócio foi impecável, sempre foi um ótimo profissional dedicado e competente. Aguardo ansiosamente o desfecho do caso, confio na justiça, colaboro com as investigações e tenho certeza que esse crime será resolvido. Posso afirmar que está barbárie não tem qualquer relação com a atuação do Dr. Rodrigo na condução e na defesa dos interesses dos clientes do escritório. Em relação às ilações maldosas, não merecem resposta".

No rol de queixas de Rodrigo para a irmã, ele ainda deu mais detalhes de sua "irritação" com Vanderler Junior. Uma delas era de que, em janeiro, segundo ela, Rodrigo recebeu R$ 80 mil, mas havia uma segunda parte, R$ 50 mil, que o sócio teria que lhe pagar. No entanto, Junior deu apenas R$ 6 mil. Quando a vítima foi reclamar sobre o restante que faltava, Junior teria lhe dito que já havia recebido bastante naquele mês, conforme consta no depoimento da irmã à polícia. 

Outra reclamação da vítima à irmã, era de que o advogado Vanderler Junior dizia que ele não trabalhava, quando Rodrigo chegava cedo e era praticamente o último a sair do escritório, como ficou evidente no dia em que foi assassinado. Já passava das 17h quando o advogado saiu do prédio onde trabalhava para fazer um lanche. Ele foi executado na calçada, próximo ao vendedor de salgados. Um homem encapuzado saiu de um Gol branco, armado de pistola, e desferiu contra a vítima, pelo menos, 20 tiros. Naquele dia (26/02), o sócio disse à polícia ter saído às 16h. 

Segundo a irmã da vítima, Rodrigo se dizia decepcionado com o sócio e comentou com ela "que havia tomado uma decisão equivocada no passado". Mas, com a virada do ano, prometeu a ela que 2024 "iria fazer diferente e que iria mudar a vida toda". A solução era sair do escritório.

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Rodrigo fez o mesmo comentário, sobre a vontade de sair do escritório, com amigos de longa data. Segundo um deles, em conversa com o blog, a vítima não confiava mais no sócio e que, por causa disso, estava juntando dinheiro para deixar o Rio. O advogado revelou ao amigo que foi o responsável por levar para o escritório clientes de peso como a empresa de cigarros Souza Cruz, para defendê-la em processos trabalhistas, uma de suas especialidades. No entanto, Rodrigo reclamou que levou bons clientes, estava sobrecarregado e recebendo pouco. Disse ainda que estava passando dificuldades financeiras, o que foi confirmado pela namorada da vítima, que depôs na DHC. 

A mesma testemunha, a namorada, revelou ao delegado responsável pelas investigações, Rômulo Assis, que Rodrigo lhe contou que um de seus clientes, com quem a vítima mantinha uma relação de confiança, o aconselhou a ficar de "olho", pois estavam tentando "ferrar" o advogado. 

Antes mesmo de se formar pela PUC-RJ, em 2005, Rodrigo começou como estagiário do escritório do advogado Antonio Vanderler de Lima, pai de Vanderler Junior, há cerca de 20 anos. Por ser inteligente e estudiosa, a vítima, há cerca de 10 anos, entrou numa sociedade com o filho do ex-chefe, nascendo a Marinho & Lima Advogados. Desde então, os sócios alugaram quatro salas no número 160 da Avenida Marechal Câmara, no Centro do Rio. O local fica a 50 metros da sede da Ordem dos Advogados do Brasil no Rio e na mesma via onde ficam o Ministério Público e a Defensoria Pública. O Tribunal de Justiça do Rio também é bem perto dali. Foi justamente em frente ao prédio do escritório que Rodrigo foi assassinado.

Por conta da falta de sintonia entre os sócios, segundo uma das irmãs da vítima, o advogado João Rachid Motta acabou sendo convidado para compor o escritório, daí passando para Marinho, Motta & Lima Advogados. Segundo o depoimento do advogado Vanderler Junior, há cerca de 20 advogados trabalhando no local. 

Motta contou à polícia que trabalhava no escritório visando "captar clientes" e que houve uma queda de receita no fim 2023, com a redução de serviços da Souza Cruz. Ele contou que entrou na sociedade em 2020. Segundo Motta, a vítima começou a estudar sobre o mercado de jogos online e teria ficado animado com a lei 14.790/2023, que autoriza a prática da atividade.





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