Após muita insistência, o motorista de aplicativo Gilberto Nogueira, de 40 anos, finalmente conseguiu autorização judicial para visitar sua esposa, a profissional de beleza Daiane dos Santos Farias, de 34. Recolhida na Penitenciária de Mogi Guaçu (SP), ela foi condenada, em maio, a quatro anos de prisão no regime fechado por cortar completamente o pênis de Gilberto com uma navalha de sobrancelha e jogar o órgão no vaso sanitário, dando descarga para impedir o reimplante. Durante o julgamento, Daiane confessou que amputou o sexo do marido por vingança, pois ele estava tendo um caso com sua sobrinha de 15 anos.

Logo após a tragédia, Gilberto não queria ver Daiane nem pintada de ouro. No entanto, após alguns meses, ela escreveu uma carta pedindo perdão. O motorista não apenas a perdoou, como também declarou que a amava mais do que antes. O casal reatou, trocando cartas de amor, mas surgiu um obstáculo aparentemente intransponível.

Gilberto comprou uma cinta-peniana e tentou marcar uma visita íntima na penitenciária para usar o acessório com a esposa. A direção da prisão, porém, não permitiu a entrada de Gilberto, já que ele figura como vítima no processo penal de Daiane.

Havia também o receio de que Gilberto, sem o pênis, estivesse planejando se vingar de Daiane. A direção da penitenciária desconfiava da rapidez com que ele aceitou o perdão da esposa. Além disso, há casos de maridos que matam suas mulheres dentro das cadeias de São Paulo por ciúmes e vingança.

O caso mais emblemático ocorreu em 2022, quando Wellys Lopes Ribeiro, de 35 anos, detento da Penitenciária I Nestor Canoa, em Mirandópolis (SP), enforcou sua esposa, Patrícia Lopes Ribeiro, de 31, durante uma visita íntima. O crime aconteceu por volta das 13h e só foi descoberto ao final da visita, às 17h, quando Wellys chamou os agentes penitenciários para informar o assassinato. Ele utilizou uma corda artesanal e alegou que cometeu o crime por estar sendo traído. Wellys, condenado anteriormente por tráfico de drogas, agora também responde por feminicídio.

Devido a esses casos de assassinatos passionais dentro do sistema prisional, a advogada de Daiane, Tassia Mafra, enfrentou dificuldades para convencer a Justiça das boas intenções de Gilberto. A defensora reuniu várias cartas de amor trocadas entre o casal desde a condenação de Daiane. Em uma das correspondências, ele admitiu que merecia o que aconteceu, já que traía Daiane, que sempre foi uma companheira amorosa e dedicada. Ele chegou a se deitar com a sobrinha na cama do casal, no dia do aniversário da mulher. Esse foi o estopim do crime, conforme Daiane relatou em juízo.

No dia 14 de setembro, a juíza Giuliana Casalenuovo Brizzi Herculian, da Comarca de Campinas, autorizou a visita de Gilberto a Daiane. O primeiro encontro do casal desde dezembro de 2023, quando ocorreu a tragédia, está programado para daqui a duas semanas. No entanto, não será como eles esperavam.

A juíza não permitiu a visita íntima. Gilberto e Daiane terão de se ver no parlatório da penitenciária, com uma parede de vidro os separando, sem possibilidade de troca de afetos, como beijos e abraços. Há buracos tão minúsculos na parte superior da vidraça blindada que não passa nem o dedo. Indignados, ambos vão recorrer da decisão, insistindo no direito à visita íntima, uma vez que são casados oficialmente.

Atualmente, Daiane trabalha como manicure na penitenciária, recebendo dinheiro ao fazer as unhas das colegas de cela. Gilberto continua ganhando a vida como frentista e motorista de aplicativo. Recentemente, ele lançou seu livro de memórias, intitulado "Sangue quente", no qual conta em detalhes como a traição resultou na amputação do seu pênis.

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Na carta mais recente enviada a Gilberto, Daiane expressou sua indignação pela negação da visita íntima: "Não acho justo não termos o direito de fazer amor", escreveu. Religioso, Gilberto respondeu dizendo que a decisão da Justiça é mais uma provação divina a ser superada: "Meu amor por você, Daiane, é maior que tudo. Vai além do infinito. Nem a Justiça dos homens consegue compreender"