O casal de dentistas Gustavo Rodrigues e Telma Rodrigues vive há seis anos em conflito com uma delegacia da Polícia Civil instalada em frente à sua residência na Mooca, zona leste de São Paulo. Desde a reforma do prédio, as viaturas que chegam com presos em flagrante ocupam a rua diariamente, causando transtornos para a família.
Com vagas insuficientes para o número de viaturas, os policiais costumam estacionar sobre a calçada, bloqueando a passagem, o acesso às garagens e comprometendo a rotina dos moradores do bairro.
A edição do Profissão Repórter desta terça-feira (12) bateu à porta de casas e apartamentos de São Paulo para entender as principais causas das desavenças entre vizinhos. Um dos casos relatados neste programa foi o conflito da família Rodrigues e os oficiais.
Os dentistas registraram em vídeos os momentos que a polícia estacionou em frente à casa deles e quantos pedidos foram feitos para os oficiais liberarem o local. O casal então passou a estacionar seu próprio carro em frente à casa — atitude que lhes rendeu 11 multas por parar em guia rebaixada, mesmo sendo da própria casa.
Em uma das gravações - feita por câmeras de segurança instaladas pelos próprios dentistas -, um policial chegou a sacar a arma e apontar para a família depois de ouvirem um pedido de Gustavo para liberarem o local.
O excesso de pedidos fez com que Gustavo fosse detido duas vezes por desacato à autoridade. O caso mais recente ocorreu há duas semanas, quando ele foi retirado de casa à força, algemado e detido. No mesmo dia, o padre Júlio Lancellotti, da paróquia próxima à delegacia, tentou intermediar uma conciliação entre Gustavo e a Polícia Civil.
Segundo o padre, antigamente os presos entravam por uma porta lateral, o que ajudava a evitar o bloqueio da rua. Ele ressalta que a permanência dos veículos na calçada afeta a liberdade de circulação dos moradores da região.
Procurada, a Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo afirmou que "acompanha com atenção os relatos recebidos [...] e que a Polícia Militar reforça com seus efetivos a orientação para que utilizem exclusivamente as vagas em frente ao distrito e respeitem as áreas residenciais". Veja a nota completa na imagem abaixo.
Apesar da tensão, outros vizinhos evitam se manifestar por medo de retaliação, mas Gustavo reafirma que não pretende deixar o bairro onde nasceu e vive há décadas.