A morte de uma menina no Distrito Federal fez a polícia suspeitar que ela tenha sido mais uma vítima de desafios divulgados em redes sociais. Uma irresponsabilidade criminosa que tem provocado tragédias.
Sarah Raíssa Pereira de Castro tinha 8 anos. Foi encontrada desacordada pelo avô no sofá da sala. Estava deitada em cima de uma almofada encharcada de desodorante. Ao lado, um frasco vazio e o celular. Segundo a família, ela inalou desodorante e teve uma parada cardiorrespiratória ainda em casa. O avô chamou o Samu, que a levou ainda com vida para o Hospital Regional de Ceilândia. Ficou internada na UTI. No domingo (13), teve morte cerebral.
O médico Alexandre Nikolay alerta que o desodorante tem várias substâncias químicas, que podem chegar rapidamente ao pulmão e comprometer a respiração:
"Ocorreu progressivamente uma asfixia. Você pode ter ainda um broncoespasmo, como reação direta do processo inflamatório. Então, o brônquio se fecha, semelhante a uma asma, só que tem uma reversão bem mais difícil do que na asma, por ser causado por uma substância química que bateu direto ali na mucosa pulmonar”, explica o pediatra.
Nesta segunda-feira (14), a escola onde Sarah estudava fechou em sinal de luto. A Polícia Civil abriu um inquérito para investigar a causa da morte da criança. O delegado do caso disse que a principal suspeita é que ela tenha participado de um desafio na internet. O celular dela vai passar por uma perícia.
"Nós verificamos e constatamos ali, em conversas informais com jovens, que muitos deles já tinham conhecimento desse tipo de desafio. Já tinham visto vídeos com essa temática, mas a investigação vai ter avançar para que a gente possa identificar e excluir esse tipo de conteúdo na internet”, diz Walber Lima, delegado da 15ª Delegacia de Polícia.
A família contou à polícia que a menina estava vendo um vídeo sobre esse desafio. Segundo o delegado, os envolvidos poderão responder por homicídio duplamente qualificado. A pena pode chegar a mais de 30 anos de prisão.
"Nós vamos poder localizar essas pessoas que criaram esse vídeo e que também divulgaram. A polícia judiciária hoje já possui mecanismos para identificar criminosos que atuam às sombras das redes sociais”, afirma o delegado Walber Lima.