O ex-presidente-executivo da Petrobras José Sergio Gabrielli disse nesta terça-feira que a presidente Dilma Rousseff não pode ser responsabilizada pela compra da polêmica refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos, e afirmou em depoimento à CPI da estatal no Senado que as decisões são tomadas de forma coletiva na empresa.
Como ministra, na época da aquisição da refinaria em 2006, Dilma presidia o Conselho de Administração da Petrobras. A compra da refinaria gera controvérsias em relação aos valores desembolsados pela estatal e motivou a criação da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) no Senado, entre outros fatores.
"Não considero a presidente (Dilma) responsável pela compra de Pasadena", disse o ex-presidente a senadores, acrescentando que a compra foi aprovada tanto pela Diretoria Executiva quanto pelo Conselho de Administração da empresa, ambas estruturas colegiadas.
O depoimento de Gabrielli à CPI no Senado é o primeiro concedido à comissão, controlada pela base aliada do governo.
O movimento para investigação de um negócio aprovado em 2006 foi disparado após a presidente Dilma ter afirmado, por meio de nota, em março, que o aval para a compra da refinaria foi dado com base em um documento "técnica e juridicamente falho".
Segundo a nota da Presidência da República, o resumo executivo preparado pela diretoria da Área Internacional na época "omitia" informações como a cláusula "put option", que levou a Petrobras a pagar valores muito maiores pela refinaria do que os 360 milhões de dólares desembolsados inicialmente por 50 por cento da unidade.
Ao final de uma disputa em câmara arbitral, a estatal foi obrigada a pagar 1,25 bilhão de dólares ao todo por Pasadena, e ainda teve de fazer investimentos de 685 milhões de dólares em melhorias operacionais, manutenção, paradas programadas até 2013.
O ex-presidente da Petrobras confirmou que a cláusula não constava do sumário executivo entregue ao Conselho de Administração para a análise da compra.
Afirmou à CPI saber da existência da cláusula, mas minimizou a sua importância para o negócio, afirmando que tal item definia as regras apenas para um eventual "divórcio" com a sócia de Pasadena.
"É um processo de decisão que não é individualizado", disse Gabrielli sobre a decisão tomada pela empresa.
Gabrielli disse ainda que a compra da refinaria norte-americana "voltou a ser um bom negócio", embora tenha passado por dificuldades durante a crise econômica internacional.
"É um negócio que muda. Ele era bom quando foi adquirido, a partir de 2008 se torna mau negócio porque reflete a mudança do mundo com a crise... A partir de 2014 ela volta a ser bom negócio. Ela é lucrativa", defendeu.
Gabrielli afirmou ainda que a estatal não pode ser considerada uma empresa "em crise, mal gerida ou à beira da falência" e que ela tem sido vítima de uma campanha política da oposição.