Em 13 dias, a guerra entre Israel e Hamas matou 19 jornalistas, entre palestinos, israelenses e um libanês. As maiores baixas estão em Gaza, onde os profissionais de imprensa tentam fazer a cobertura do conflito e, ao mesmo tempo, socorrer suas famílias de bombardeios, de acordo com o Comitê para a Proteção de Jornalistas.
Quinze dos jornalistas mortos são palestinos. É o caso de Abdulhadid Habib, que trabalhava para a agência de notícias Al-Manara, morto na última segunda-feira com a família em um ataque com mísseis em sua casa no bairro de Zeitoun, no Sul da cidade de Gaza.
Ahmed Shebab, da Rádio Sowt Al-Asra, morreu há uma semana com a esposa e os três filhos, em casa, atingida por um bombardeio em Jabalia, no norte da Cidade de Gaza.
“O CPJ enfatiza que os jornalistas são civis que realizam um trabalho importante na crise e não devem ser alvo de partes em conflito” afirma o coordenador para o Oriente Médio, Sherif Mansour, na página da entidade. De acordo com o comitê, oito jornalistas ficaram feridos e três estão desaparecidos.
A segurança de jornalistas numa área densamente povoada como Gaza é nula, assim como as condições precárias para transmitir o material produzido. Jornalistas locais atuam como colaboradores para meios de comunicação do Ocidente.
“Estou tentando fazer o meu trabalho de divulgar o que está acontecendo em Gaza, mas a falta de internet e eletricidade me impede. Lamento muito que esteja fora do meu alcance”, resumiu o cinegrafista e documentarista Yousef D. Hammash.
O Comitê de Proteção de Jornalistas atualiza diariamente a lista de profissionais mortos nesta guerra. Dela consta o cinegrafista libanês Issam Abdallah, da agência Reuters, atingido por um bombardeio de Israel perto de Al-Shaab, na fronteira com o Líbano, quando transmitia ao vivo a escalada de confrontos entre forças israelenses e o grupo libanês Hezbollah. Outros três jornalistas ficaram feridos pelo ataque.
Dos 19 profissionais, três eram israelenses e morreram no ataque terrorista do Hamas ao Sul de Israel, no último dia 7. O veterano fotógrafo Yani Zohar, do jornal Hayon, foi assassinado com a esposa e duas filhas por combatentes do Hamas, no kibbutz Nahal Oz, onde residia.
Zohar, de 54 anos, trabalhou por 15 anos como cinegrafista da Associated Press e, por morar perto da Faixa de Gaza, atuava como uma espécie de termômetro para avaliar a dimensão dos confrontos na região.
“Yaniv era os olhos e ouvidos da AP no sul de Israel, sempre um dos primeiros a responder às notícias na movimentada região”, relatou Julie Pace, editora executiva da AP. “Quando as tensões aumentavam no Médio Oriente, os colegas perguntavam rapidamente: 'O que Yaniv diz?’”
Marcos Justos
Sexta-Feira, 20 de Outubro de 2023, 06h45