A Igreja Universal deverá pagar R$ 10 mil a uma fiel por constrangimento e danos morais. Na decisão, obtida pelo Uol, o juiz Daniel Luiz Maia Santos, da comarca de São Carlos, afirmou que Adrielli Fernanda da Silva foi “ferida em sua dignididade”.
A fiel foi abordada por um obreiro quando retirou o celular da bolsa para ver as horas. O homem afirma que acreditou que ela estivesse gravando o culto. Mesmo após ela negar diversas vezes, outros obreiros se posicionaram próximo a ela para “vigiá-la” até o fim do culto. Após o encontro, uma outra obreira abordou a fiel novamente, dessa vez, de forma mais incisiva. Segundo testemunhas, a mulher chegou a segurar Adrielli pelo braço, que, abalada com a situação, chorava.
O juiz determinou que, apesar de ser lícito que igrejas proíbam o uso de celulares durante os cultos, houve duplo constrangimento quando os obreiros cercaram a fiel, impedindo que ela comungasse sua fé, e quando a obreira a abordou agressivamente.
Na decisão, o juiz critica a igreja por não ter entregado as gravações do culto em que o episódio aconteceu. Além disso, Daniel Santos pontua que a obreira não apareceu no tribunal, mesmo após ser convocada.
Em nota, a Universal afirmou que está sinalizada a proibição do uso de celulares como “forma de reverência e de respeito ao culto e aos demais presentes”. “Assim, em uma sinagoga os homens usam o quipá, deve-se entrar descalço em uma mesquita, algumas comunidades católicas mais tradicionais estimulam que as mulheres cubram a cabeça com véu e praticamente todas as religiões solicitam o uso de roupas discretas”, escreve a igreja. A igreja diz que vai recorrer da decisão.