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COVARDIA FILMADA

Imagens desmentem PMs sobre execução com fuzil de mendigo

Câmeras corporais mostram que Jeferson de Souza foi morto sem reagir

G1

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Imagens de câmeras corporais, obtidas com exclusividade pela TV Globo, mostram que policiais militares mentiram ao justificar a execução de Jeferson de Souza, homem em situação de rua morto com três tiros de fuzil durante uma abordagem em São Paulo. O crime aconteceu em 13 de junho no Viaduto 25 de Março.

Os PMs Alan Wallace dos Santos Moreira, tenente da Força Tática, e o soldado Danilo Gehring afirmaram que Jeferson teria tentado pegar a pistola de um dos policiais, o que teria motivado os disparos. No entanto, as imagens revelam que a vítima — natural de Alagoas — estava desarmada, acuada, e foi morta sem apresentar qualquer ameaça.

Desde o mês passado, os policiais estão presos e vão responder pelos crimes de homicídio doloso (quando há intenção de matar), falsidade ideológica e obstrução da Justiça. A defesa do sargento Alan disse que "a ação policial decorreu de legítima defesa e que demonstrará isso ao tribunal do júri". A defesa do soldado Danilo não foi localizada.

Procurada, a Secretaria da Segurança Pública (SSP) afirmou que repudia a conduta dos PMs e que um inquérito policial está em andamento na Corregedoria da PM.

Vítima chorava com as mãos para trás

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O vídeo mostra que Jeferson foi abordado por seis PMs por volta das 20h20, quando desceu de uma árvore e foi revistado debaixo do viaduto. Em seguida, foi levado para trás de uma pilastra, onde se sentou no chão, de pernas cruzadas, e passou a ser interrogado. O soldado Danilo, que estava com a câmera corporal ligada, chegou a tirar uma foto do homem e a enviou para diferentes contatos pelo celular.

Pelas imagens, é possível ver Jeferson com as mãos para trás, chorando. Um policial segura um fuzil ao lado dele. Em determinado momento, a vítima é obrigada a se virar de costas. Pouco depois, o soldado Danilo cobre a lente da câmera com a mão e desvia o equipamento. Segundos depois, Jeferson aparece morto, com ferimentos de fuzil na cabeça, tórax e braço.

Após o crime, os PMs disseram na delegacia que Jeferson era procurado por ameaça e estupro, mas não apresentaram nenhum documento para comprovar a identidade dele. Dois meses depois, a Polícia Civil ainda não confirmou o histórico criminal da vítima nem conseguiu identificá-lo pelas digitais.

'Inaceitável' e 'vergonhosa'

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oronel Emerson Massera, chefe do Centro de Comunicação Social da PM de SP

Em julho, o porta-voz da Polícia Militar de São Paulo classificou como “inaceitável” e “vergonhosa” a conduta dos policiais. Segundo o coronel Emerson Massera, chefe do Centro de Comunicação Social da PM, as imagens desmentem a versão dos policiais e mostram que a vítima já estava rendida.

“O vídeo [das câmeras corporais] contraria completamente a versão apresentada pelos policiais. Ele [a vítima] estava tranquilo, conversando com os policiais e, do nada, o tenente efetua três disparos de fuzil contra essa pessoa”, afirmou. Para ele, o episódio "envergonha" a corporação.

É uma ocorrência sem nenhum tipo de respaldo jurídico. Evidentemente, nos envergonha muito. Viola todos os valores da instituição, inclusive da legalidade. — Emerson Massera, chefe do Centro de Comunicação Social da PM

A Justiça paulista determinou a prisão dos dois policiais 22 de julho. Alan Wallace e Danilo Gehring foram presos pela própria corporação e levados ao Presídio Militar Romão Gomes, na Zona Leste de São Paulo.





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