O major da Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF) preso na noite da última sexta-feira (18/6) dentro da academia da corporação (APMB) por “pederastia ou outro ato de libidinagem” foi visto “abotoando as calças e fechando o zíper” segundo o tenente-coronel que conduziu o flagrante. A mulher estava escondida atrás de uma cortina, agachada.
O relato foi dado por volta da 1h pelo responsável pela prisão. Segundo ele, uma denúncia de um policial da corporação dizia que uma mulher tinha chegado por meio de transporte de aplicativo e que aquela não seria a primeira a vez.
O tenente-coronel se dirigiu até a APMB e disse que passou a procurar o major em todos os lugares. Como não o achou, decidiu ligar. Ele teria atendido o telefone de forma ofegante e relatou que estava no Parque da Cidade andando.
Pouco tempo depois, o major foi visto saindo do alojamento ” ajeitando, abotoando as calças e fechando o zíper”. Questionado sobre o motivo daquilo, teria dito que estava indo tomar banho, pois tinha acabado de chegar da corrida que fazia.
Não se dando por convencido, o tenente-coronel saiu procurando a mulher, que chegou no carro de aplicativo por vários outros cômodos da academia até chegar ao auditório. “No auditório verificou que atrás das cortinas e agachada se escondendo estava ela”.
A mulher teria tentado dizer que aguardava o major, que seria o esposo dela, mas não soube explicar o motivo de estar escondida e nem informava o nome completo do suposto cônjuge. Dessa forma, ela admitiu que apenas namorava o major.
Um grande volume na bolsa dela chamou a atenção do policial. “Foi encontrado na referida bolsa um forro de cama com o brasão da polícia militar e que estava úmido. Ao ser perguntada por que o forro de cama estava na bolsa não soube responder”, diz o auto de prisão em flagrante.
Mulher e major negaram que faziam sexo no local
Ouvida, a mulher disse apenas que é “amiga confidente” do major e que o aguardava no auditório enquanto tomava banho. Segundo ela, que trabalha em outro batalhão da PM como assessora técnica, não havia nenhum forro úmido na bolsa e o tenente-coronel a obrigou a admitir coisas que não fez.
A reportagem conseguiu contato com a defesa do major, que defende não haver flagrante. “As provas são mínimas. A materialidade não existe nos autos. O que há é o depoimento de pessoas que não viram as duas pessoas juntas”, diz.
O militar ganhou liberdade provisória apenas no sábado (19/6), após audiência de custódia. Segundo a decisão, à qual o Metrópoles teve acesso, o oficial está proibido de mudar de endereço sem prévio aviso e terá de comparecer a todos os atos do processo.
O artigo 235 do Código Penal Militar, que versa sobre pederastia ou outro ato de libidinagem, detalha o crime como praticar, ou permitir o militar que com ele se pratique ato libidinoso, homossexual ou não, em lugar sujeito a administração militar.
A pena é de detenção de 6 meses a 1 ano, podendo ser agravada quando a conduta for praticada com concurso de duas ou mais pessoas e por oficial, ou por militar em serviço.
PMDF investiga o caso
Ao Metrópoles a corporação não deu detalhes do fato, mas afirmou, por meio de nota, que “a PMDF não compactua com nenhum comportamento desviante e leva ao conhecimento de seu Departamento Correcional, bem como ao Ministério Público e às instâncias judiciárias competentes, todos os fatos suspeitos de desvios de conduta”.
A PMDF também ressaltou que “o fato questionado é alvo de inquérito policial, devido processo legal, a partir do qual as circunstâncias são analisadas”. A reportagem não conseguiu contato com a defesa do major e decidiu por não publicar o nome em respeito à família dele. O espaço segue aberto para manifestações.
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Terça-Feira, 22 de Junho de 2021, 21h23