O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Luís Roberto Barroso, comentou a exclusão das Forças Armadas do rol de instituições autorizadas a acompanhar as fases de auditoria das urnas e dos sistemas eleitorais. O ministro lembrou que, durante sua atuação como presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), as Forças Armadas já eram entidades fiscalizadoras e que a iniciativa “não se provou bem”, “e a nova gestão decidiu mudar”.
Na visão do ministro, a ideia era de que as entidades acompanhassem o processo eleitoral passo a passo. Ele ainda lembrou ter criado uma comissão de transparência com a Forças Armadas. “Mas, lamentavelmente, o que aconteceu é que os militares trabalharam para levantar desconfianças. E, orientados a levantar suspeitas, não conseguiram”, comentou em entrevista coletiva concedida a jornalistas nesta sexta-feira (29/9).
Barroso destacou ainda que o TSE tirou também o Supremo Tribunal Federal (STF) da lista de entidades fiscalizadoras das urnas eletrônicas. Isso ocorreu em votação unânime, que alterou a Resolução TSE nº 23.673/2021, e atualizou o rol de entidades legitimadas a fiscalizar o processo eleitoral brasileiro.
A decisão que retira as Forças Armadas da lista de entidades fiscalizadoras das urnas eletrônicas ocorreu depois das eleições de 2022, quando os militares apresentaram um relatório sobre o sistema eleitoral.
O Ministério da Defesa manifestou dúvidas sobre a isenção das urnas, mas não atestou nenhuma prova que pudesse comprovar uma possível fraude nas eleições de 2022. O relatório da Forças Armadas foi divulgado depois de pressão de apoiadores do então presidente Jair Bolsonaro (PL), que tentaram deslegitimar a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no pleito presidencial.
Inclusive, durante o seu mandato, Bolsonaro chegou a se reunir com embaixadores no Palácio da Alvorada, onde ele atacou o sistema eleitoral brasileiro e tentou descredibilizar as urnas eletrônicas.
Devido a esse encontro, Bolsonaro foi considerado inelegível por abuso de poder político e uso indevido dos meios de comunicação.
Sem necessidade
As Forças Armadas foram incluídas como entidades fiscalizadoras do processo eleitoral em 2020, quando a ministra Rosa Weber, então presidente do STF, comandava o TSE. O presidente do TSE, ministro Alexandre de Moraes, foi o relator da instrução e destacou que a participação das Forças Armadas como entidade fiscalizadora não se mostrou necessária na fiscalização do sistema eleitoral. Veja aqui.
Mudanças
Confira a lista das entidades fiscalizadoras:
Partidos políticos, federações e coligações;
Ordem dos Advogados do Brasil (OAB);
Ministério Público (MP);
Congresso Nacional;
Controladoria-Geral da União (CGU);
Polícia Federal (PF);
Sociedade Brasileira de Computação (SBC);
Conselho Federal de Engenharia e Agronomia (Crea);
Conselho Nacional de Justiça (CNJ);
Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP);
Tribunal de Contas da União (TCU);
Confederação Nacional da Indústria (CNI) e entidades corporativas do Sistema S;
Entidades privadas brasileiras, sem fins lucrativos;
Departamentos de Tecnologia da Informação de universidades credenciadas no TSE.
Até 2016, apenas o Ministério Público, os partidos políticos e a OAB integravam a lista de entidades fiscalizadoras. No entanto, uma resolução do ministro Gilmar Mendes, durante a presidência de Dias Toffoli no TSE, adicionou outros sete órgãos.
Foram incorporados à lista de entidades fiscalizadoras o Congresso Nacional, o STF, a CGU, a PF, a SBC, o Confea e os departamentos de tecnologias das universidades cadastradas.
Carlos Nunes
Sábado, 30 de Setembro de 2023, 15h20Alguém acredita no Barroso?
Sábado, 30 de Setembro de 2023, 14h54Galdêncio
Sábado, 30 de Setembro de 2023, 14h47DEVAIR VALIM DE MELO
Sábado, 30 de Setembro de 2023, 11h53DEVAIR VALIM DE MELO
Sábado, 30 de Setembro de 2023, 11h22