O Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) denunciou, para a Justiça, o médico mastologista Danilo Costa, acusado de abusar de ao menos 15 mulheres. Além disso, a instituição também informou que será investigado o diretor do Hospital Nossa Senhora das Dores, onde o médico trabalhava, em Itabira, na região Central de Minas Gerais. A tramitação do caso segue em segredo de Justiça.
Apesar da investigação contra o diretor do hospital, o MPMG ressaltou que ele “não é alvo de denúncia”. A reportagem questionou o Poder Judiciário mineiro se a denúncia contra o mastologista foi aceita e se Danilo tornou-se réu, mas até a última edição não havia obtido retorno.
O Hospital Nossa Senhora das Dores também foi questionado sobre a investigação contra o diretor da unidade. O texto será atualizado quando houver um posicionamento (veja a manifestação anterior abaixo). O TEMPO não conseguiu contato com a defesa do médico — o espaço permanece aberto caso ele deseje se posicionar.
Investigação
O médico havia sido indiciado pela Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) em 17 de fevereiro por estupro, assédio sexual, violação sexual mediante fraude e importunação sexual contra 15 mulheres — nove pacientes e seis colegas de trabalho — em Itabira e Barão de Cocais. Ele foi preso no dia 4 de fevereiro sob a suspeita de estuprar uma paciente de 52 anos durante consulta médica para tratamento de câncer.
Conforme apontado pelas investigações, o médico teria se aproveitado da vulnerabilidade das vítimas, que estavam em tratamento de doenças graves ou enfrentando conflitos pessoais. Em um dos casos, perícia constatou a presença de Antígeno Prostático Específico (PSA) no corpo de uma das vítimas, indicando a presença de material biológico compatível com o do suspeito, que havia realizado vasectomia anteriormente.
Acusações e depoimentos
De acordo com depoimentos colhidos pela polícia, o médico realizava toques indevidos e fazia comentários inapropriados sobre o corpo das pacientes. Algumas vítimas relataram que ele comentava sobre o tamanho dos seios delas e justificava os toques excessivos alegando que eram necessários para o exame médico. O delegado responsável pelo caso reforçou que tais atitudes são indicativos de conduta inadequada.
Posicionamento do hospital
O Hospital Nossa Senhora das Dores, em posicionamento anterior, afirmou que afastou o profissional desde o dia 27 de janeiro, quando surgiram as primeiras denúncias, e que colabora integralmente com as autoridades. O Consórcio Intermunicipal de Saúde Centro Leste (Ciscel), onde o médico também atuava, suspendeu seus contratos temporariamente até a conclusão das investigações.
Além disso, manifestou "apoio às vítimas envolvidas no caso de denúncias de estupro do mastologista, que atendia no ambulatório do hospital" e reafirmou "colaboração com as autoridades, fornecendo todas as informações necessárias para a apuração dos fatos".
A Prefeitura de Itabira informou que o médico não era contratado diretamente pelo município, mas prestava serviços terceirizados. Em nota, a administração municipal reiterou apoio às vítimas e reforçou a importância da denúncia de casos de abuso.
Situação no CRM
Até o momento, o registro profissional de Danilo Costa no Conselho Regional de Medicina de Minas Gerais (CRM-MG) segue ativo e regular. O CRM-MG informou que as denúncias recebidas são apuradas de forma sigilosa, conforme determinação do Código de Processo Ético-Profissional do Conselho Federal de Medicina (CFM).