Ao ser anunciada como vice na chapa com o ex-governador Eduardo Campos (PSB), a ex-senadora Marina Silva criticou em seu discurso "aqueles que apostavam que a aliança [com Campos] não ia dar certo".
"Aqueles que apostavam que a aliança não ia dar certo, a cada semana ouvíamos algo que seria o tiro de misericórdia, a bala de prata, mas, graças a Deus, a confiança que estamos criando entre nós, estamos aqui para anunciar a nossa candidatura à Presidência da República", afirmou, referindo-se à coligação com Campos como um "casamento de uma tapioca com um açaí", numa referência a comidas tradicionais de seus respectivos Estados.
Com poesia e música, Campos oficializa chapa com Marina como vice
Oficialização de chapa Campos-Marina não tem valor jurídico, diz advogado
Ela relembrou do momento em que o registro da Rede foi negado pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral), em outubro do ano passado, e disse que foi um dos episódios em que se sentiu mais "fraca". "Naquele dia em que saí do tribunal, estava mais enfraquecida do que nunca, mas pensei: 'quando sou fraco é que sou forte'. Você é forte quando tem a capacidade de se juntar com outras pessoas", disse.
Marina ressaltou que a coligação ainda está em "formação" e que é "abençoado" aquele que "vive no gerúndio" porque é "livre para questionar e questionar-se." "Quando perguntarem se já deram certo na aliança programático, vamos responder: "estamos dando certo'".
A ex-senadora ressaltou que pretende caminhar "lado a lado" com Campos, e não "atrás". Nascida no Acre, a ex-ministra do Meio Ambiente relembrou o seu passado e disse que a sua experiência de vida na floresta a ensinara a "entrar na mata virgem ao lado do mateiro e não atrás dele".
"Aprendi a não me colocar à frente porque aprendi que, numa mata virgem com animais ferozes, é preciso sempre ir ao lado de um mateiro e não se colocar atrás, mas ao lado", afirmou. "Estou aqui para me colocar lado a lado com você", completou, dirigindo-se a Campos.
Disse ainda que sua história não permitiria "jamais trocar o futuro dos brasileiros por qualquer vaidade, (...) qualquer veleidade política".
O evento para anúncio da chapa do PSB para as eleições foi marcado por poesia e música, além de depoimentos de políticos aliados.
No entanto, a formação da chapa ainda não é considerada válida de acordo com a lei eleitoral -- juridicamente, a iniciativa do PSB não significa nada, segundo o advogado João Fernando Lopes de Carvalho, especialista em direito eleitoral. "Isso é a criação de um fato político, não tem valor jurídico. Eles só serão candidatos quando forem escolhidos na convenção do partido", afirma Carvalho.