Por questões de segurança, a missa das 8 horas do domingo na Paróquia da Paz, no bairro chique de Aldeota, em Fortaleza, capital do Ceará, atraiu duas viaturas da Polícia Militar e não foi celebrada como de costume pelo padre italiano Lino Allegri.
Bolsonaristas em grande número, uns com camisas da Seleção Brasileira, outros com o número 17 estampado nas costas, encheram a igreja com a intenção de mais uma vez hostilizar Allegri, crítico em seus sermões do presidente Jair Bolsonaro.
“Esse negócio da doutrina dos oprimidos, isso tudo não é para ser praticado aqui”, disse ao jornal O POVO o coronel Ricardo Bezerra, seguidor de Bolsonaro. “O padre proselitista peca com tudo isso. Vai perder muitos fiéis se continuar nessa linha”.
Aos 82 anos de idade, 56 dos quais como padre, Allegri chegou ao Brasil à época da ditadura militar de 64 e tem cidadania brasileira. No início deste mês, foi alvo de uma reação de ódio e de intolerância por parte de frequentadores de sua missa.
Uma dezena deles, depois da missa, invadiu a sacristia da igreja e o ofendeu aos berros porque ele criticou a maneira como o governo federal conduzia o enfrentamento da pandemia da Covid-19 que já matou mais de 540 mil pessoas. Não foi a primeira vez.
A missa de ontem foi celebrada por outro padre designado pela Arquidiocese de Fortaleza. Allegri, que coleciona ameaças à sua vida, deverá pedir ingresso no Programa Estadual de Proteção aos Defensores e Defensoras de Direitos Humanos (PPDDH).
O governador Camilo Santana (PT) mandou instaurar inquérito para apurar as ameaças e destacou policiais para garantir a integridade do padre. “O sacerdote e o pastor não podem se calar quando a vida está sendo desrespeitada e violentada”, defende-se Allegri.
Marcio
Terça-Feira, 20 de Julho de 2021, 09h13