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COISA DE ALMA

Sensibilizada com post, moradora doa parte do fígado a menino

 

G1

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Dores pós-operatórias, internações, restrições alimentares e uma cicatriz do tórax ao umbigo passaram a fazer parte da vida de Angela de Paula Barbosa, de Taquaritinga (SP), desde que ela decidiu fazer uma doação de parte do fígado.

A vontade da vendedora de 36 anos em ajudar foi tão verdadeira quanto o apelo da mãe do pequeno Jadson Fonseca Ruiz, de 3 anos, quando saiu em busca de doadores para ajudar o menino do Amazonas a tratar uma cirrose hepática, decorrente de doença rara que ocorre em recém-nascidos e pode acabar com o fígado. Por meio de pessoas em comum, um dos posts de Francicléia Gonzales Fonseca foi parar nas redes sociais de Angela, que ficou sensibilizada de imediato.

A cirurgia foi realizada em 24 de novembro no Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, e o organismo de Jadson aceitou o órgão. A criança segue em recuperação no Hospital Menino Jesus, também na capital, e ganhou uma nova perspectiva de vida, assim como a família, com esperanças renovadas.

"Foi uma mãe pro meu filho. Ela é a segunda mãe do Jadson, não tenho palavras pra agradecer", afirma Francicléia Gonzales Fonseca, mãe da criança.

A luta de Jadson

Nascido em Novo Aripuanã (AM), Jadson foi diagnosticado aos quatro meses com uma atresia de vias biliares, quando a mãe ainda buscava melhores recursos médicos em Manaus.

Posteriormente, ela e o filho se mudaram para São Paulo, na esperança de conseguirem um doador, até então não encontrado na família, mas a fila era grande e as perspectivas, pequenas. Assim, passaram-se mais de dois anos sem respostas.

"Jadson [estava] na fila que tinha 60 crianças na frente dele e eu fui fazendo campanha. (...) Eu fazia e apareceram várias pessoas, mas depois eu não sei o que acontecia, as pessoas desistiam", conta Francicléia.

Corrente de solidariedade

Mas, de pessoa em pessoa, a luta de Francicléia ficou conhecida até chegar ao destino certo. Primeiro, uma mulher atendida na mesma casa de apoio que ela compartilhou o apelo em um grupo na internet que reúne mães de todo o Brasil em busca de doadores para seus filhos.

Dele também faz parte a dona de casa Silvia Regina Machado Braga, avó de uma menina com a mesma doença rara no fígado em Taquaritinga. Comovida com a história de Jadson, ela pediu autorização e recompartilhou o post de Francicléia, que finalmente chegaria ao feed da vendedora Angela de Paula Barbosa em agosto.

"Quando vi o Jadinho, ele já estava em um estado crítico, e eu pensei: meu Deus, eu preciso ajudar essa criança, porque tenho uma que está nessa situação. Foi quando me veio a ideia de postar no meu Facebook. A Paula viu, não hesitou, entrou em contato comigo e já passei o contato da mãe do Jadinho", conta.

'Tem que estar 100% certa', diz doadora

Angela relata que, mesmo conhecer, se identificou de imediato com o menino e decidiu encarar todos os procedimentos necessários para o transplante naquele mesmo mês no Hospital Sírio-Libanês.

Além das incontáveis viagens a São Paulo, para a realização de diversos exames, inclusive o que confirmou a compatibilidade do fígado, a vendedora aceitou os riscos da cirurgia.

"Os médicos são bem claros que há risco de morte tanto pra mim quanto pra criança. A pessoa tem que estar 100% certa do que está fazendo, porque é difícil uma cirurgia, é um transplante muito difícil, então eles são muito bem claros, não deixam dúvidas", diz.

Em novembro, ela fez a retirada de parte do fígado e passou a contar com apenas parte do órgão para exercer suas funções. "Não se regenera. O que foi tirado, tirou. O que vai acontecer é que ele vai inchar um pouquinho, compensando o lado que tirou."

Além disso, enfrentou períodos de internação por conta de dores e complicações pós-operatórias, terá de redobrar os cuidados com a alimentação, para restringir níveis de gordura no organismo, bem como evitar bebidas alcoólicas, e passou a contar com uma cicatriz no corpo, hoje considerada por ela como um troféu.

"É cicatriz da vida, quando eu for olhar, eu sei que tem uma criança viva, estética é bobagem, a vida vale mais do que uma cicatriz", afirma.

Diante disso, a vendedora garante que o esforço valeu a pena e faria tudo de novo pelo pequeno Jadson, a quem já considera um filho. Hoje, o menino segue internado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Menino Jesus, mas em processo de recuperação.

"Ele está bem, os exames deles estão bons. Ele está internado porque está com um pouco de infecção, mas, em nome de Jesus, vamos sair daqui", diz Francicléia.

É o que também espera Angela, que trata Jadson como um filho. O carinho materno fica evidente na fala.

É um anjinho. Ele está lutando pra viver, está começando agora, então tem que viver, precisa viver e vai viver. E eu falei que eu vou ver os netos dele. Vou ver ele casado, com a família dele, porque ele sofreu muito. Eu sou mãe de alma", afirma.

 





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