No dia 1º de maio, uma notícia não muito bem esclarecida fez com que muitos brasileiros ficassem eufóricos – haveria uma ampliação em 4.5% no desconto da tabela do imposto de renda na fonte.
Só que a alegria de pobre durou pouco (como sempre), pois esse índice será aplicado apenas para o próximo ano deixando muita gente revoltada.
Por que não aplicar esse ano, já que a anualidade do imposto só serve para aumentar e não para diminuir?
Seria colocar em prática a proposta de deixar o brasileiro com mais poder aquisitivo – com mais dinheiro no bolso, mais consumo, mais empregos, mais circulação de tudo. Mas isso ficou apenas no discurso.
O engraçado é que a inteligência dos governantes ignora a sabedoria do povo. Em outras palavras, a população não é mais besta e não adianta vir com argumentos conhecidos, pois foram palavras ao vento.
O que deveria ser anunciado era, sim, um aumento do índice de desconto da tabela do imposto de renda, diminuindo justamente a mordida do leão aliviando o orçamento de milhares de famílias. "O que deveria ser anunciado era, sim, um aumento do índice de desconto da tabela do imposto de renda"
E tinha que ser pra já, com efeito retroativo para que, de fato, aquilo que foi anunciado tivesse efeito prático.
O que chamou a atenção dos brasileiros é que com índices defasados na correção da tabela faz-se um anúncio para o próximo ano. É um tapa na cara dos contribuintes.
Pior: já que para os programas sociais houve um reajuste de 10%, esse mesmo índice deveria ser aplicado na correção da tabela. Seria uma atitude coerente e agradaria brasileiros de todas as faixas salariais.
O que ninguém entende é o motivo de não haver essa correção. Pela lógica, mais dinheiro significa mais gente comprando e na ponta, mais impostos arrecadados.
E, acima de tudo, seria uma decisão política, coisa que Lula fez ao reajustar a tabela de desconto depois de muitos anos.
De qualquer forma, o índice de reajuste de 4,5% para 2015 é injusto, incoerente, pois só um lado puxa e arrasta o outro. A fome do leão parece insaciável.
O Governo tem que se lembrar do carrapato que chupa o sangue do boi até certo ponto porque senão o animal morre.
E isso pode ocorrer e não é por falta de aviso.
ADILSON ROSA é jornalista.