Opinião Sexta-Feira, 28 de Março de 2014, 08h:52 | Atualizado:

Sexta-Feira, 28 de Março de 2014, 08h:52 | Atualizado:

Gabriel Novis Neves

Agradar turista

 

Gabriel Novis Neves

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Gabriel Novis

 

Agora que a “vaca foi pro brejo”, há uma intensa mobilização entre as prefeituras de Cuiabá e Várzea Grande no sentido de mudar a cara dessa região metropolitana, há menos de cem dias da Copa.

Foram seis anos de promessas, e o resultado é esse. O México, em apenas três anos se preparou para a Copa, onde "Deus" fez um gol pelas mãos do Maradona.

Esse programa para salvar Cuiabá e Várzea Grande de uma humilhação recebeu o nome de “Agradar turista”.

“Greta Garbo acabou no Irajá”, foi a associação de ideia que fiz ao ler essa notícia.

O governo prometeu e falou o tempo todo na importância do legado da Copa do Mundo para a nossa esquecida Cuiabá.

Teríamos uma cidade modernizada, bonita, com o maior sistema de transporte modal (23k) da América Latina, pontes, viadutos, trincheiras, rotatórias e amplas avenidas com iluminação de ponta.

Nosso Centro Histórico revitalizado, atividades culturais, exposições, não contando a pista dupla para a Chapada dos Guimarães e as centenárias pontes de madeira, substituída pelas de concreto, rumo ao Pantanal.

Pousadas e hotéis facilmente acessíveis por excelentes estradas vicinais e uma eficiente rede de comunicação com telefone e internet.

Na área social a construção do novo Hospital Universitário Júlio Muller na estrada de Santo Antônio de Leverger com duzentos e cinquenta leitos, construção de mais duas unidades das UPAS e abertura do Hospital São Benedito.

A maquiagem da cidade “para agradar turista”, já que muitas dessas obras não saíram das intenções, terá início com a pintura do meio fio das calçadas esburacadas, cuja cor está sendo discutida para autorização da FIFA.

Um mutirão de árvores ornamentais está com o seu plantio programado, pois as existentes foram derrubadas dos canteiros centrais para o VLT passar, o que acontecerá em fins de 2015.

Está marcado um banho de “Leite de Rosas” nas ruas e córregos que recebem ”in natura” o esgoto, como da Arena Ecológica do Pantanal, para abafar o odor desses resíduos líquidos e sólidos, tendo como destino o nosso quase morto Rio Cuiabá.

As modestas pracinhas de Cuiabá, hoje dormitório de moradores da rua, mendigos e dependentes químicos, com certeza serão desumanamente retirados pela polícia e alojados em algum esconderijo, longe dos olhos dos turistas que “precisam de agrado”.

Do contrário, não voltam mais, e ainda farão propaganda negativa da nossa quase tricentenária cidade.

A igrejinha de São Benedito, nosso marco cultural com melhor visibilidade, já apresenta iluminação da Copa, fato este que não despertou o mínimo entusiasmo dos moradores de uma cidade que tanto esperava como legado, e nem foi notícia no Jornal Nacional.

Percebo na gente da minha cidade uma imensa frustração pelo prometido e que virou um traque, assim como a diva do cinema Greta Garbo que, no teatro, terminou no Irajá. 

Gabriel Novis Neves é médico

 





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