Opinião Segunda-Feira, 21 de Abril de 2014, 18h:06 | Atualizado:

Segunda-Feira, 21 de Abril de 2014, 18h:06 | Atualizado:

Alfredo Menezes

Aumento populacional e cultura

 

Alfredo Menezes

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Cuiabá tinha, em 1960, 56 mil habitantes. Em 1970 chegou aos 100 mil habitantes. De 1970 para 1980 mais que duplicou sua população, foi a 213 mil. Na década seguinte, 1980-1990, duplicou outra vez, foi a mais de 400 mil habitantes. Entre 1990 e 2000 já começa a diminuir aquele afluxo impressionante de antes, chegou a 480 mil. Hoje Cuiabá tem 560 mil habitantes.

De 1960 aos dias atuais a cidade cresceu dez vezes sua população ou mil por cento, de 56 mil para 560 mil. Um salto populacional incrível. Com essa avalanche de gentes, ideias e comportamentos diferentes pressupostamente deveria ter sido varrido costumes e atos culturais desta cidade. Isso não ocorreu, manteve-se a linguagem, as festas religiosas, as músicas, a culinária.

Não esquecer que em 1968 chegou a televisão em Cuiabá. Modismos e linguajar do Rio de Janeiro e São Paulo entraram pelas casas cuiabanas. Mais um dado para supostamente ajudar a matar tradições locais.

Não esquecer ainda que, quando aquela avalanche populacional chegou, teve pessoas nascidas nesta cidade que torciam o nariz para a linguagem e folguedos musicais do homem comum desta região. Era, no geral, da classe média urbana e da elite, muitos estudaram fora e se vestiam mais com as coisas do outro Brasil.

Mais um dado ainda: cuiabanos mais jovens, nascidos já nesse redemoinho de novidades na vida local, também não tinham muita aproximação com as tradições mais antigas daqui. Já se comportavam e falavam como os chegantes.

Frente a tudo isso, com receio de se perder alguma identidade e traços culturais, apareceu na década de 1970 e a seguinte o Muxirum Cuiabano. Formou-se um grupo para defender as coisas da cidade e região. A presença acachapante de pessoas de fora fez com que se criasse algo para manter tradições locais.

Mais tarde a atuação do ator Liu Arruda talvez possa ser associada a esse assunto. Ele criou personagens irreverentes que falavam a linguagem mais tradicional da localidade. Outros atores enveredaram pelo mesmo caminho. Quem sabe possa dito que eles ajudaram no trabalho do Muxirum Cuiabano.

É interessante observar que tradições fortes da região permanecem, como cururu, siriri, ranqueado ou festas de santos. O carnaval, que não tinha raízes locais, foi fenecendo ao longo do tempo.

Naquela avalanche de mudanças, sabe-se lá como, se manteve ainda parte da arquitetura do século XIX e do início do século seguinte. Encabula saber como não se fez ou se faz nada para preservá-la.

A arquitetura mereceria, como em qualquer lugar do mundo, um empurrão de governos e da iniciativa privada. Não mereceu atenção maior, mesmo passando pela prefeitura e governos muitos cuiabanos de chapa e cruz.

ALFREDO DA MOTA MENEZES é historiador e articulista político

 





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