Opinião Sexta-Feira, 14 de Março de 2014, 10h:57 | Atualizado:

Sexta-Feira, 14 de Março de 2014, 10h:57 | Atualizado:

Wilson Santos

Barão de Melgaço

 

Wilson Santos

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O Francês naturalizado brasileiro, aumentou sua coleção de prêmios,condecorações e honrarias com o título de Barão de Melgaço, concedido pelo Imperador Dom Pedro II, em 1865, colocando o no mesmo patamar do Barão de Rio Branco e de Mauá. 

Em 1864, na reserva da Marinha e ex-governador de Mato Grosso, rodeado de livros e mapas, Augusto Leverger foi ‘intimado’ a coordenar a conclusão da Carta Topográfica de MT. Aceitou e seguiu para o sul da província, onde permaneceu por 7 meses, retornando em novembro, véspera da invasão paraguaia e inicio da Guerra da Tríplice Aliança. 

Após a prisão, em Assunção, do navio ‘Marquês de Olinda’ que trazia para Cuiabá o novo Presidente da Província, coronel Frederico Carneiro de Campos, o Paraguai avançou em duas frentes sobre o sul de MT. 

O forte de Coimbra cedeu; Corumbá foi vexatoriamente abandonada pelos líderes militares; a população, desesperada, embrenhou se mata a dentro rumo a Cuiabá, à pé, por água, a cavalo... um horror! O tenente Antônio João Ribeiro morreu defendendo com seus poucos soldados a colônia militar de Dourados; Miranda, Nioac, Bela Vista e Coxim estavam dominadas. 

Na primeira semana de janeiro de 1865 o Tenente Coronel Por-tocarreiro desembarca em Cuiabá, após resistir o quanto pode no Forte de Coimbra, trazendo a notícia tão temida: a guerra começou! 

A Câmara municipal reuniu se extraordinariamente e exigiu providências das autoridades; os sinos das igrejas foram disparados; clarins conclamavam reuniões a toda hora; até o chefe de polícia mandou sua família para fora da cidade; o povo, desorientado, caminhava desesperado pelas ruas; o Presidente da província, Albino Carvalho, e a Guarda Nacional foram para a beira do rio Cuiabá esperar os paraguaios. 

O pânico era total! Passados alguns dias o Governador Albino determinou a instalação da defesa da capital na região de Melgaço,120 km rio abaixo, sob o comando do Ten. Cel Portocarreiro. Essa tão esperada defesa durou apenas dois dias, a tropa resolveu dar no pé, voltar para a capital e entrincheirar se.

Foi então que Augusto Leverger, 62 anos, tomou conhecimento dessa inexplicável retirada de Melgaço e foi até o Governador e se ofereceu para reorganizar a defesa da capital mato-grossense. Leverger foi nomeado de imediato, comandante da Guarda Nacional em MT. 

Leverger permaneceu com sua tropa durante 100 dias em Melgaço, até passar a cheia dos rios Cuiabá, São Lourenço e Paraguai, eliminando a possibilidade de vinda dos inimigos. Passado o perigo, retorna Augusto Leverger com sua tropa e entrega seu cargo de comandante da Guarda ao Governador Albino Carvalho, que insiste em mantê-lo. O Visconde de Taunay denomina Leverger de ‘antemural de Cuiabá e do Brasil’ e o Imperador Dom Pedro II concede lhe o título de Barão de Melgaço, nomenclatura que é usada para denominar um município no Estado, uma das principais ruas da capital e também a Academia Mato-Grossense de letras.

WILSON SANTOS é professor de História e ex-prefeito de Cuiabá





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Comentários (1)

  • Paulo Justos Kuiabano

    Sexta-Feira, 14 de Março de 2014, 14h58
  • A História também é pesquisa fundamentada dos fatos que permeiam a existência e resistência de um povo e sua trajetória ao longo dos séculos. As vezes cá com os meus pensamentos fico meditando e perguntando: Como pode algumas pessoas usar do gogó avantajado pra dizer que Mato Grosso não seria nada sem eles? Hora, nestas terras já havia população trabalhadora e aguerrida há séculos,defendendo, construindo este estado para fazer dele o que hoje o é. Em Mato Grosso a História se faz com pessoas que estão dispostas a compor com a nossa gente pra fazer deste estado um lugar cada vez melhor pra se viver. Parabéns professor Wilson pela pesquisa que ressalta a História detalhada destas terras matogrossense.
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