A terceirização de processos financeiros, também chamada de BPO Financeiro, tem ganhado força no Brasil.
Neste sentido, escritórios contábeis estão ampliando suas entregas e oferecendo esse serviço como uma extensão da contabilidade tradicional.
Por outro lado, empresários veem no BPO uma forma de enxugar estruturas e delegar rotinas operacionais.
Contudo, a pergunta que fica é: estamos diante de uma oportunidade estratégica real ou de um risco disfarçado?
Na prática, o BPO Financeiro oferece vantagens evidentes.
Saliente-se que, com a terceirização das rotinas de contas a pagar e a receber, conciliações bancárias, emissão de notas e relatórios, as empresas conseguem concentrar energia no seu core business, aumentando a produtividade e reduzindo custos com pessoal, sistemas e treinamento.
Ademais, um bom BPO financeiro traz especialização técnica.
Diferentemente de uma equipe interna muitas vezes sobrecarregada, o prestador de serviços tende a operar com profissionais experientes e processos otimizados, o que reduz erros, atrasos e omissões, ganhando eficiência.
Outra questão relevante, é a melhoria no controle e na tomada de decisões.
Tendo em mãos, relatórios bem estruturados, dashboards em tempo real e dados mais confiáveis, o empresário passa a ter uma visão mais clara da saúde financeira da empresa.
Depreende importante salientar que, ao terceirizar as finanças, a empresa abre as portas para um risco sensível: a perda de controle sobre informações estratégicas. Dados bancários, fluxo de caixa e planejamento financeiro passam a circular fora do ambiente interno. Se não houver cláusulas contratuais robustas e protocolos de segurança digital, o risco é real.
Não se pode ignorar também o risco legal e tributário. Se o BPO cometer erros em obrigações acessórias, retenções ou emissão de notas, a responsabilidade pode recair sobre o CNPJ da contratante — não importa quem cometeu o equívoco. Isso reforça a importância de escolher um parceiro com reputação sólida e conhecimento técnico comprovado.
Desse modo, o BPO Financeiro não é um simples produto de prateleira que pode ser aplicado indiscriminadamente. Ele exige planejamento, contratos bem redigidos, métricas de desempenho e cláusulas de responsabilidade, planos de contingência e acima de tudo uma gestão ativa da relação contratual.
Para escritórios contábeis, o BPO é sim uma porta de entrada para novos modelos de receita, mormente, em tempos de automação contábil.
Em virtude do exposto, o BPO financeiro pode ser tanto um diferencial competitivo quanto uma fonte silenciosa de riscos, sendo que definirá isso, não é o modelo em si, mas a maturidade com que ele é implantado, acompanhado e revisado.
Rodrigo Furlanetti é advogado empresarial em Cuiabá.