Opinião Quarta-Feira, 20 de Novembro de 2024, 10h:49 | Atualizado:

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Angelo Silva de Oliveira

Brasil, 136 anos após a Lei Áurea: O legado contínuo da Escravidão

 

Angelo Silva de Oliveira

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No Brasil, o Dia da Consciência Negra, celebrado em 20 de novembro, é mais do que uma data simbólica; é uma oportunidade essencial para reexaminar e discutir a história do nosso país, que muitas vezes foi ocultada ou ignorada. Esta data não apenas celebra a resistência e a luta da população afro-brasileira, mas também nos convida a refletir sobre as feridas ainda abertas que a escravidão deixou em nossa sociedade.

A assinatura da Lei Áurea, em 1888, que aboliu a escravidão no Brasil, marca um momento crucial da nossa história. Contudo, ao olharmos para esse evento em 2024, passados apenas 136 anos desde que a escravidão era legal no Brasil, devemos nos perguntar: o que significou, de fato, para aqueles que foram escravizados? A realidade é que, para muitos brasileiros em 2024, essa data ainda representa um legado de dor, pobreza e exclusão. Muitos brasileiros têm como bisavô alguém que foi escravo, privado de direitos humanos básicos e de oportunidades.

Esta ausência de herança, seja financeira, material ou intelectual, se perpetua através das gerações, pois o Estado brasileiro, até recentemente, não reconhecia essa parcela da população como cidadãos plenos.

Esse reconhecimento tardio e insuficiente das injustiças históricas é o que torna as políticas públicas voltadas para a promoção da igualdade e para a reparação tão urgentes. As ações afirmativas, que incluem cotas em universidades e políticas de inclusão no mercado de trabalho, são apenas o início de um longo caminho em direção à equidade. É inegável que o Estado e a elite brasileira, que historicamente se beneficiaram da escravidão como meio de produção e acumulação de riquezas, deve assumir a responsabilidade por essas injustiças e trabalhar ativamente para corrigir os erros do passado.

A importância deste dia também se reflete na celebração da cultura afro-brasileira, parte integrante da identidade nacional. A resistência, a resiliência, a fé e a rica diversidade cultural dos povos afro-brasileiros são aspectos que devem ser celebrados e integrados na narrativa nacional. A contribuição dos afrodescendentes para a música, a arte, a religiosidade e as práticas sociais brasileiras precisa ser reconhecida e valorizada, pois é por meio da cultura que uma sociedade se fortalece e recupera suas raízes.

Além disso, é fundamental que legislações como a Lei 10.639/2003, que estabelece a obrigatoriedade do ensino de história e cultura afro-brasileira nas escolas, sejam não apenas promulgadas, mas efetivamente implementadas. O conhecimento é uma ferramenta poderosa de transformação social e, ao educarmos as novas gerações sobre a verdadeira história do Brasil, podemos plantar sementes de consciência e respeito, ambos indispensáveis para um futuro mais justo.

Neste Dia da Consciência Negra, dirijo-me diretamente aos brasileiros: é hora de revisitarmos nossa história coletiva. Precisamos nos ver como parte de um tecido social que, embora dilacerado por desigualdades, ainda pode ser costurado por meio da empatia, do esclarecimento e da ação. As feridas do passado não podem ser curadas com indiferença; requerem um esforço coletivo para transformar nossa sociedade em algo mais inclusivo e justo.

Celebrar a herança cultural afro-brasileira, enquanto reconhecemos a brutalidade da escravidão, é um ato de coragem e de compromisso com um Brasil melhor. Que possamos, ao longo deste dia, refletir sobre nossa história, buscar conhecimento sobre as injustiças e, principalmente, agir para garantir que as vozes afro-brasileiras continuem a ecoar de forma vibrante em nossa sociedade. Somente assim, conseguiremos construir um futuro onde todos tenham a oportunidade de prosperar, independente de sua origem. 

Vamos honrar a luta e a resistência dos afro-brasileiros, garantindo que suas histórias sejam contadas e celebradas por todos nós, construindo, assim, uma nação verdadeiramente unida e justa.

Angelo Silva de Oliveira é controlador interno (licenciado) da Prefeitura de Rondonópolis/MT, presidente de honra da Associação dos Auditores e Controladores Internos dos Municípios de Mato Grosso (AUDICOM-MT), mestre em Administração Pública (UFMS), especialista em Gestão Pública Municipal (UNEMAT) e em Organização Socioeconômica (UFMT), graduado em Administração (UFMT) e auditor-líder NBR ISO 9001:2015 - Sistema de Gestão da Qualidade (GITE).





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Comentários (1)

  • Carlos Nunes

    Quarta-Feira, 20 de Novembro de 2024, 17h39
  • Pois é, hoje, 20 de Novembro, completa 1 ano da morte do CLERISTON DA CUNHA, o CLEZÃO. Quem é o CLEZÃO? Pra quem não o conhece foi um pai de família da raça negra, preso pelo tio Xandão, por causa do dia 8...que tinha sérios problemas de saúde. Quando mais precisava de tratamento médico adequado e urgente, necessitava da liberação do tio Xandão pra fazer esse tratamento sério, mas não foi liberado. Tentaram conseguir um HABEAS CORPUS pra que ele fosse liberado, mas um Ministro não concedeu...alegou que, pelo Regimento Interno do Supremo, um Ministro não pode derrubar decisão do outro. Portanto ele não podia liberar, só tio Xandão que o prendeu. É, no Brasil, segundo a tia YAKUI, líder do povo Tupinambá, na nossa DEMOCRACIA DISTORCIDA...Regimento Interno do Supremo vale mais do que a própria Constituição. O Direito Constitucional à Saúde...os Direitos Humanos do pobre coitado do CLEZÃO sumiram...Foi o maior atentado à Declaração Universal dos Direitos Humanos. Impedir que uma pessoa tenha tratamento médico quando mais precisava ..É DESUMANO. Esse crime não pode ficar Impune. O cadáver do CLEZÃO exige Justiça. Se tio Xandão tivesse liberado...se o outro ministro tivesse concedido o HC...hoje, CLEZÃO estaria vivinho da Silva.
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