Opinião Terça-Feira, 04 de Março de 2014, 10h:43 | Atualizado:

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Brasília, Centro-Oeste, Mato Grosso

 

ONOFRE RIBEIRO

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Onofre Ribeiro

 

Recebi contribuições muito interessantes sobre esse tema abordado nos dois últimos artigos. Gostaria de contextualizá-lo mais. Em janeiro de 1961 cheguei a Brasília, adolescente, vindo de Minas para estudar o curso Científico, no colégio Elefante Branco, ainda em construção. Embora inaugurada em 08 de abril de 1960, Brasília ainda era um sonho poeirento. Apesar de jovem, não posso deixar de reconhecer um ar místico da realização de um sonho por parte de quem vivia lá. Os professores do Elefante Branco defendia abertamente o sonho de um Brasil novo ali naquele cerrado seco e feio.

Em 1965 fui para a Universidade de Brasília, onde o sonho era gritante. Somava-se com o sonho de reconquista da liberdade democrática engolida pela Revolução de 1964 que botava a pata pesada sobre a UnB. O próprio estilo da construção dos currículos acadêmicos na UnB era transformador. Os estudantes de todas as áreas eram obrigados a passar dois anos intercalando disciplinas humanistas das área do Direito, da Administração, da História, da Sociologia e das Línguas e convivendo com todas as outras áreas.

A filosofia deixada no espírito da universidade pelo seu fundador Darcy Ribeiro, era o que ali se formariam técnicos para um Brasil do interior, capazes de conviver com as frágeis culturas regionais do interior brasileiro, respeitá-las e transformá-las sem romper com as suas origens. Em 1960 Cuiabá tinha 57 mil habitantes e ainda vivia as limitações de um longo isolamento geográfico. Portanto, sua cultura precisava ser compreendida, respeitada e entendida como traço fundamental de Mato Grosso.

A construção do Centro Político e Administrativo em Cuiabá, bem longe do centro urbano tradicional tinha essa filosofia. A cidade mantinha-se intocada e o novo espírito não afetava seus traços urbanos, culturais e arquitetônicos. Entre os projetistas do CPA havia gente da UnB. A ideia fundamental de Brasília, vista pelo ângulo da UnB com visão filosófica abrangente está no pequeno livro “Universidade Pra Que?”. Na verdade, o livro contém o discurso pronunciado pelo primeiro reitor da UnB, Darcy Ribeiro, na posse do reitor Cristovam Buarque, empossado em 1986, depois de 20 anos de sucessivos reitores da ditadura militar na universidade.É uma perola literária e política. O livro de 30 páginas é uma preciosidade que já li por dezenas de vezes e me emociono a cada uma delas. (Quem estiver interessado posso enviar o texto por e-mail, disponibilizado pela própria UnB). Ou, pode ser adquirido na Editora Universidade de Brasília (www.editora.unb.br ).

Encerro este artigo tentando deixar a reflexão de que por detrás das grandes ideias e dos grandes projetos sempre existem sonhadores e utopias. Brasília e os seus reflexos sobre a região Centro-Oeste são prova viva disso. Voltarei ao assunto e espero mais contribuições. Até lá.

ONOFRE RIBEIRO é jornalista em Mato Grosso

 





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