Com a seca no início deste ano no Sul e Sudeste do país, a produção leiteira naquelas regiões caiu sensivelmente aumentando os preços, pesando na inflação. Em Mato Grosso, com a generosidade de São Pedro, as chuvas foram fartas e a produção de leite do maior rebanho bovino do país foi estupenda. Tanto leite por aqui poderia diminuir o preço impactando positivamente na inflação, aliviando o Governo Federal.

Só que essa equação não fecha por um simples detalhe: Mato Grosso não tem estradas transitáveis. E não foi por falta de aviso. Que o digam os alertas da Aprosoja há anos e anos que chegaram aos quatro cantos deixando o mundo indignado.

A leniência de nossos governantes em construir estradas para o escoamento da produção resulta num alto preço. A fatura está chegando agora. E alta! Sem estrada, a inflação deve passar da meta tranquilamente.

Se nossos governantes tivessem feito a chamada “lição de casa” investindo em infraestrutura, teríamos estradas suficientes para que nossa produção leiteira suprisse a seca nas regiões castigadas nesse início de ano. Como não têm, o preço do leite e de seus derivados está nas alturas.

Um verdadeiro castigo tantálico – aquela figura mitológica que morreu de sede com água até no pescoço. Nos outros países seria inconcebível ter uma produção recorde, mas com preços também nas alturas. No Brasil, no entanto, passa a ser uma escandalosa regra, o que na verdade deveria ser exceção.

E não é por falta de dinheiro para construir estradas porque o Brasil é o campeão mundial em arrecadação de impostos, imbatível. E o pior na aplicação desses impostos – tanto na esfera municipal estadual e federal.

E a questão leiteira é apenas um exemplo porque em se tratando da produção de milho, soja e outros produtos o problema é o mesmo, senão pior. E para deixar os governantes horrorizados de vergonha, Mato Grosso passou a ser o maior produtor de grãos e gado do país. Como transportar toda essa produção isso é uma pergunta que merece uma resposta plausível.

ADILSON ROSA é jornalista em Cuiabá