Opinião Quarta-Feira, 23 de Abril de 2014, 08h:32 | Atualizado:

Quarta-Feira, 23 de Abril de 2014, 08h:32 | Atualizado:

Onofre Ribeiro

Caras de Mato Grosso

 

Onofre Ribeiro

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Onofre Ribeiro

 

Tenho viajado bastante por Mato Grosso nesses últimos meses. Mas desde 1976 viajo constantemente pelo estado nas suas diversas fases de ocupação e de desenvolvimento.

Desde 1977 quando se deu a separação do Sul para a criação do estado de Mato Grosso do Sul, as transformações foram gritantes. A população saiu de 600 mil habitantes em 1970 para os atuais 3 milhões. Os municípios de 38 para 141. As regiões mudaram muito. Não posso me esquecer, por exemplo, das inúmeras viagens de avião entre Cuiabá e Juína, Aripuanã, ou a Alta Floresta, São Felix do Araguaia, por exemplo. a Serra do Tombador, antes de Diamantino, o cerrado fechado antecipava a floresta fechada. Se o avião caísse, nunca seria achado, como tantos nunca foram encontrados.

Hoje são regiões ocupadas e o ambiente completamente transformado. A partir de polos como Sinop, Alta Floresta e Juara, Canarana e Água Boa, regiões inteiras se transformaram e surgiram com cara própria e visões inteiramente diferentes entre si.

Quando se vê hoje o estado de Mato Grosso na sua totalidade, não é um estado. É um país. Tem a mesma área que a Venezuela e quase a mesma da Bolívia, Maior do que a Alemanha, Espanha e Portugal somados.

Por isso, deve ser visto como uma imensa unidade da federação com caras diferenciadas cultural, social e economicamente. Isso sugere que se planeje políticas diferenciadas para esse país respeitando as suas diferenças. É tão curioso isso, que de uma cidade para outra, com 100 km de distância, é outra civilização. Exemplo, Campo Verde e Primavera do Leste, Chapada dos Guimarães e Campo Verde. Ou Sinop e Sorriso. Por mais que suas economias se assemelhem, outras características como a origem da população é diferente.

Imagine-se cidades como Guiratinga, Tesouro, Poxoreo, General Carneiro, Alto Garças e Alto Araguaia. Nasceram a partir do garimpo de ouro ou de diamante, vizinhas de Primavera do Leste, ou então, dividindo culturas e economias diferentes numa área geográfica que não é tão grande. Na mesma região, acima de Canarana, existe um Mato Grosso remanescente da ocupação econômica agropecuária dos anos 1960/1970. É gente culturalmente diferente.

Imagino que no futuro, será papel do estado planejar o ponto de conexão dessas regiões, porque ideias como separação, preconceitos e atrasos econômicos não sejam a tônica do planejamento. Mato Grosso precisa ser visto como uma região política diversa e não como apenas uniformidade territorial.

ONOFRE RIBEIRO é jornalista em Mato Grosso





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