“Dessocialização” Online

 

Redes sociais.

Engraçado ouvir ou ler essa frase nos dias atuais.

R-E-D-E-S S-O-C-I-A-I-S...

Ou seriam redes (de)sociais?

Explico.

As redes sociais foram idealizadas para ligar o maior número de pessoas possíveis de onde elas estivessem. Pais e filhos que moravam em lugares distantes. Aquele parente que há muito não se falava. O amigo de infância que foi descoberto em um grupo de interesse em comum. A amiga que achava cool fazer parte da comunidade tal e que você achava besta, mas estava lá só para fazer companhia. Enfim. Pretextos que o faziam se sentir parte de algo. De pertencer a algum lugar, mesmo que simbolicamente.

Tinha tudo para dar certo.

Tinha...

Até que com o passar dos anos e a solidificação das interações onlines com motivos diversos passaram a transformar opiniões em agressões.

Sim, caro leitor. A sua opinião passou a ofender alguém mesmo que você explique que aquilo que foi dito ou escrito não seja exatamente aquilo que o interlocutor entendeu. As pessoas, a maioria, acham que opiniões contrárias ou que não expressam a verdade em que acreditam sejam ofensas, não opiniões.

Exemplifico:

- Eu gosto de chope.

- O que você tem contra a cerveja?

- Eu só disse que eu gosto de chope...

- Não! Você disse que não gosta de cerveja. Você é um cervejofóbico.

- Caramba. Eu não disse nada disso...

- Disse sim. Eu ouvi.

As redes sociais, aqui chamadas por mim de redes (de)sociais se tornaram palco para as más interpretações de interação.

Ou seja, aquilo que eu digo ou escrevo não é verdadeiro dependendo de quem ouve ou lê. A pessoa interpretará de acordo com aquilo que ela acha e quer acreditar. Não importa a ela as tuas justificativas. O interlocutor vai te julgar de acordo com a regra dela.

Assim fica difícil chegarmos à um consenso, pois estamos vivendo uma era de verdades particulares e não de fatos comuns. Está cada vez mais complicado partirmos para um diálogo em benefício de todos. Está sim mais fácil acatar o dito ou escrito como ofensa e não aceitar aquilo que possa ser diferente.

Nossa vida social no mundo moderno se resume a uma bolha em que aquele que se atreve a furar ela é visto como um traidor.

Haja visto o número de parentes e amigos que viraram a cara entre si pelo simples fato de terem gostos diferentes.

Fica aqui a questão:

Vale a pena isolar aqueles que não confirmem a nossa visão de mundo?