Este artigo pode ser útil para jovens que estão começando a escrever ou para aqueles que vão produzir textos de não ficção.
O poeta Olavo Bilac no poema dedicado “A um Poeta” fala da dificuldade de esculpir um trabalho até que “a imagem fique Nua, Rica, mas sóbria”. Na solidão e no silêncio da noite, diz Bilac, o poeta “trabalha, e teima, e lima, e sofre, e sua” na busca da beleza. “Porque ela é a força e a graça na simplicidade”.
Muito longe do etéreo mundo dos poetas, nós que escrevemos artigos de não ficção para jornais e sites temos em comum com eles a tarefa ou obrigação de retocar um texto até que ele fique elegante e bonito. Ou o mais perto disso possível, considerando a limitação do nosso talento.
Os articulistas experientes conseguem escrever um texto em uma ou duas horas, entretanto, nessa primeira versão, com certeza ele demanda muito suor até que fique mais interessante. Quanto mais tempo os escritores gastam na lapidação, mais fácil de entender e mais atraente fica para o leitor.
Para melhorarmos nossos escritos temos alguns recursos, como nos ensina Willian Zinsser no livro Como Escrever Bem, que é um clássico manual americano de escrita jornalística e de não ficção. Nele aprendemos que os verbos são mais fortes que os substantivos, a substituir a voz passiva pela voz ativa e a trocar palavras e frases longas por outras mais curtas e precisas.
Outros autores nos orientam a preferir o substantivo ao adjetivo e a reduzir o máximo possível o uso de advérbios, principalmente (oh ele aí) os de modo. Também considerar que os verbos no presente e no futuro do presente são mais potentes e persuasivos.
Insistem quase todos os guias e manuais no ritmo da escrita. Aí ajuda muito entremear palavras e orações curtas com outras mais longas e não abusar de parágrafos curtos que deixam a escrita “seca” nem muito longos que comprometem a cadência do texto.
E como se adquire sensibilidade para perceber a “musicalidade” que existe nos artigos bem balanceados? O caminho não tem atalho, é preciso gastar muito tempo com leitura de matérias não ficcionais e também de romances e poesias.
Ainda, procurar os escritores como o citado Zinsser e o igualmente americano Steven Pinker que insiste na busca da clareza, precisão e elegância na matéria jornalística no seu livro Guia de Escrita.
Para nos ajudar há ainda os Manuais da Redação dos grandes jornais brasileiros – Folha, Estadão, Globo – feitos para jornalistas. Eles são excelentes fontes de consulta pois os três juntos somam mais de trezentos anos de jornalismo.
Por fim fica um conselho, não meu porque não tenho bagagem para ensinar, mas dos astros da escrita de não ficção: antes de enviar o texto para publicação faça uma leitura – ou várias - em voz alta. Este expediente lhe apontará possíveis dissonâncias ainda não percebidas.
Renato de Paiva Pereira