Estreou essa semana na Netflix o filme Homem com H, uma cinebiografia impactante sobre Ney Matogrosso, artista que há décadas atravessa o Brasil com sua voz, irreverência e autenticidade. A produção vai além da homenagem: ela escancara os bastidores de uma vida marcada por ousadia, genialidade e, sobretudo, liberdade.
Mais do que contar uma trajetória artística, o filme nos faz refletir sobre o preço da coragem. Ney enfrentou o preconceito com peito aberto e maquiagem no rosto, chocou conservadores e desconstruiu padrões em uma época em que ser diferente era, muitas vezes, uma sentença. Seu talento e sua entrega à arte foram armas poderosas contra a intolerância e o moralismo sufocante de um Brasil muitas vezes hostil à diversidade.
A atuação de Jesuíta Barbosa é um espetáculo à parte. Em muitos momentos, é fácil esquecer que se trata de uma interpretação, tamanha a entrega e a semelhança. Jesuíta não apenas interpreta Ney, ele o incorpora com uma intensidade que arrepia.
Recentemente, um vídeo viralizou nas redes sociais: um estudante de Salvador, caracterizado como Ney Matogrosso, interpretando “Homem com H” em uma apresentação escolar de São João. A performance, além de emocionante, simboliza o poder da cultura como instrumento de transformação e identidade. Valorizar a arte, nesses tempos, é também resistir.
Sucesso não é e nunca foi sinônimo de diploma, cargo ou status social. Sucesso é se reconhecer na própria história, é poder viver o que se acredita sem pedir desculpas.
Bruno Moreira (@obrunocos) é publicitário e gestor de marketing.