Opinião Segunda-Feira, 04 de Agosto de 2025, 13h:09 | Atualizado:

Segunda-Feira, 04 de Agosto de 2025, 13h:09 | Atualizado:

Bruno Moreira

Mas o que ela fez pra merecer?

 

Bruno Moreira

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Bruno Moreira

 

Hoje cedo me deparei com um vídeo chocante no Instagram: um homem agredindo a namorada com mais de 60 socos dentro de um elevador, no Rio Grande do Norte. Se assistir à cena já é assustador, imagina viver isso na pele.

Não adianta dizer “isso não é comigo” ou “nunca faria isso”. A violência contra a mulher é um problema coletivo, enraizado na nossa sociedade, presente em todas as classes sociais e, muitas vezes, disfarçado em frases que muitos já disseram ou ouviram: “Mas o que ela fez pra ele perder a cabeça?”. “Ela também provocou, né?”. “Homem é assim mesmo”. São frases que reforçam a ideia absurda de que a mulher é responsável pela violência que sofre. E pior: que o homem tem algum direito sobre ela. Como se fosse dono. Como se amor justificasse controle, ciúmes, agressão.

Não somos donos de ninguém. Nem do cônjuge, nem dos filhos, nem dos pais. Ninguém pertence a ninguém. O amor, quando é saudável, é liberdade, não prisão. Não é “você é minha vida”, “sem você eu não existo”. Isso não é romantismo, é dependência, e muitas vezes o primeiro passo para relações abusivas, violência, feminicídio. Em outros casos, leva à depressão ou até ao suicídio.

É um problema social que está nas nossas raízes. Crescemos vendo o homem como o que manda, e a mulher como quem aceita. O homem que trai é “pegador”, a mulher que trai é “vagabunda”. O homem decide, a mulher obedece. Essa desigualdade ainda se repete em gestos simples do dia a dia.

Quase todo dia, ao chegar no trabalho, vejo um homem parar o carro, descer, e a mulher assumir o volante pra ir embora. Por que ela já não estava dirigindo? Por que ele não pode ser deixado no trabalho por ela? Vergonha? Isso pode parecer bobo, mas mostra o quanto ainda estamos presos a papéis de gênero.

E nem faz tanto tempo assim que vivíamos em uma sociedade onde matar a esposa por adultério era “defesa da honra”. O caso de Angela Diniz, assassinada pelo namorado Doca Street, escancarou isso. No primeiro julgamento, ele foi absolvido com essa justificativa absurda. Só depois de muita mobilização o caso teve outro desfecho.

A mudança que precisamos começa em casa. Começa no que ensinamos aos nossos filhos. Você pode criar um menino para ser homem, não no sentido de “machão”, mas no sentido de ser humano, respeitoso, justo. Pode criar uma menina para ser mulher, no mesmo sentido, com empatia, autonomia e coragem.

Campanhas, leis e punições são importantes, sim. Mas a verdadeira mudança acontece quando a consciência coletiva entende que ninguém merece violência. Que ninguém merece viver com medo. Que a vida a dois deve ser feita de respeito, não de controle.

Por que ainda temos que lutar tanto pra que uma mulher simplesmente viva em paz?

Bruno Moreira (@obrunocos) é publicitário e gestor de marketing.





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Comentários (1)

  • João

    Segunda-Feira, 04 de Agosto de 2025, 13h54
  • Oi gente, 80 mil homens são mortos por ano, mas eu vim aqui escrever sobre uma mulher que foi agredida. Gentiiii eu sou SUPERRR DESCOLADO E CRÍTICO, sabia? ah, falar de homens mortos? Você é tão ultrapassado!! a moda agora é falar de mulher morta, afinal, porque vamos falar de 80 mil homens mortos se temos 2 mil mulheres mortas, pra que falar de quem mais morre se podemos falar do grupo que morre menos!? Gentiii, homem morrer é normal! agora, uma mulher morrer ai já não dá né? temos que criar políticas públicas para combater essa tragédia absurda na sociedade que é a morte de 2 mil mulheres por ano num universo de 80 mil homens mortos por ano!!
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