Como brasileiro, jornalista e afeiçoado por política, confesso que não fiquei surpreso como a onda Marina tomou as ruas de todo o país. Fui conversar com um bocado de gente, formadores de opiniões, pessoas simples do cotidiano cuiabano, além de ler tudo que me caía às mãos e aos olhos e que tratasse desse fenômeno.
Aliás, sobre fenômeno, li um texto da velha raposa da politica brasileira, o ex-presidente Trancredo Neves (avô do hoje candidato tucano Aécio Neves), datado de 1982, quando ele atribuía a um sindicalista do ABC paulista tratado por seus companheiros de Lula, a mesma fenomelogia agora atribuída a Marina Silva. Dizia Tancredo que fenômeno não se discute. Primeiro que não há tempo.
Segundo, porque fenômenos são fortes como raios riscando o céu, como um trovão. Forças invisíveis, tão fortes que a mente humana ainda não conseguiu mensurá-las. Mas, por isso mesmo muito passageiro, rápido demais.
Conversei com políticos de diferentes aspectos ideológicos e mais experientes de Cuiabá e a maioria foram unanimes em afirmar que já não há mais tempo para uma manobra das forças contrárias e que Marina continuará crescendo e que será presidente da República, com chances de ganhar de Dilma Rouseff, ainda no primeiro turno.
A única saída, segundo analistas, para forçar um segundo turno, seria a renuncia de Dilma e a sua substituição que ninguém menos que o ex-presidente Lula, mas ainda assim não haveria a certeza se ele também não seria abatido na disputa mano a mano. O problema que, como presidenta, Dilma deve usar o cargo para ir até o fim das eleições e não ser tão desmoralizada, renunciando. Lembro-me no ano passado ao anunciar a criação da Rede Sustentabilidade, Marina já falava de um tal Movimento de Borda, cuja ilustração física seria a mesma de um prato em que haveria o deslocamento da borda – ou da beirada – para o fundo.
Um movimento, portanto, de fora para dentro. Ela se referia aos movimentos registrados no Egito, na Síria, na Turquia, e que ficaram conhecidos como Primavera Árabe, com a deposição de governos e velhos sistemas. Era março de 2013. Marina, dizia que os movimentos chegariam ao Brasil. E não é que chagaram!
O movimento de Junho e Julho de 2013 teve a inserção de alguns políticos brasileiros no meio dos jovens. E Marina estava lá. Indubitavelmente ela estava antenada nas coisas do mundo e no desejo de mudanças. Conheci Maria Osmarina Marina Silva Vaz de Lima no meu saudoso Acre há quase 20 anos atrás.
Entrevistei-a várias vezes. A história de vida dela dá um filme hollowidiano. Ela nasceu no seringal Bagaço, a 70 km do centro de Rio Branco, em um lugar chamado de Breu Velho. Seus pais tiveram onze filhos, dos quais oito sobreviveram. Aos 10 anos, Marina Silva começou a trabalhar no seringal para pagar a dívida que a família contraiu com o patrão de seu pai. Quando Marina tinha quinze anos, a mãe Maria Augusta faleceu vítima de inúmeras doenças adquiridas pela falta de infraestrutura no local onde viviam.Aos quinze anos, foi viver na zona urbana de Rio Branco, capital do Acre, para tratar de sua saúde.
Havia contraído hepatite, porém os médicos atestaram ser malária. Na mesma época, duas de suas irmãs faleceram, uma vítima de sarampo e outra vítima de malária. Fixou-se definitivamente em Rio Branco em 1974, recebendo os cuidados do então bispo do Acre, Dom Moacyr Grechi, que a acolheu na casa das irmãs Servas de Maria.Em Rio Branco, seu primeiro trabalho foi de empregada doméstica, abandonando seu plano inicial de ser freira.
Ao longo de sua adolescência e juventude, Marina Silva teve inúmeros problemas de saúde, tais como malária, contaminação por leishmaniose e mercúrio, assim como sua família por ações nefastas de alguns garimpeiros inescrupulosos. Em Rio Branco foi morar com irmãs de caridade para estudar, onde foi alfabetizada aos 15 anos de idade. Posteriormente conseguiu concluir seus estudos, colegiais no curso de magistério.
Conseguiu entrar na UFAC (Universidade Federal do Acre) no curso de história. Fez também pós graduação em psicopedagogia A partir daí começou a sua luta em defesa da vida, do meio ambiente e em defesa do povo acreano. Militou no movimento sindical junto ao Sinteac(sindicato dos trabalhadores de educação do Acre), pleiteando melhores condições profissionais e salariais.
Entrou para o PT, onde em 1988 foi à última escolhida pela cúpula petista para ser candidata a vereadora do Acre. Obs:(Ninguém acreditava nela), Foi eleita a vereadora mais bem votada do Acre, naquele ano. Foi eleita posteriormente a deputada estadual mais votada do Acre em 1990. Em 1994 foi eleita senadora e reeleita em 2002. É uma pessoa humilde.
Hoje é evangélica, onde congrega na Igreja Assembleia de Deus. Foi considerada pela BBC e pelo jornal The New York Times como a 10ª mulher mais importante do mundo. Deixou o PT fundou o PV, a rede de sustentabilidade e agora está no PSB. Meus amigos quando morei no Acre no final da década de 90 como jornalista em um jornal diário e uma emissora de televisão local, Marina foi uma das minhas aliadas para combater o crime organizado naquele estado. Onde com a performance do meu amigo o ex-presidente do TJ/AC, desembargador Gercino José da Silva Filho e com o apoio irrestrito de Marina, conseguimos combater o sanguinário Hidelbrando Pascoal. Realmente a Marina merece ser presidenta, pela sua trajetória, pela sua luta em defesa do meio ambiente e dos mais humildes e pela ética, compaixão e probidade. Deus a proteja e a sua história.
* Pedro Ribeiro é jornalista em Cuiabá e trabalhou no Acre na época de Marina
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Sexta-Feira, 05 de Setembro de 2014, 04h49Juacy da Silva
Quarta-Feira, 03 de Setembro de 2014, 22h38Gaud?ncio Filho
Quarta-Feira, 03 de Setembro de 2014, 22h23Fran.CO
Quarta-Feira, 03 de Setembro de 2014, 09h44