Opinião Quarta-Feira, 26 de Agosto de 2015, 16h:43 | Atualizado:

Quarta-Feira, 26 de Agosto de 2015, 16h:43 | Atualizado:

Miranda Muniz

O PCdoB também é LGBT!

 

Miranda Muniz

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Nesta semana o PCdoB divulgou sua “Nova Ficha de Filiação”, trazendo como novidade três importantes informações relativas às pessoas LGBT: a) nome social, b) orientação sexual e c) identidade de gênero.

Consultando na internet, pude constatar que nenhum outro partido registrado no TSE trás em sua ficha de filiação qualquer menção a essa importante questão.

Essa decisão histórica do PCdoB não é pouca coisa, haja vista que as questões relacionadas aos direitos e à cidadania das pessoas LGBT praticamente não foram enfrentadas e devidamente compreendidas pelos primeiros pensadores socialistas, a exemplo de K. Marx, F. Engels, Lênin, etc. Pelo contrário, o que predominava, na prática, era uma visão equivocada de que o homossexualismo seria um “desvirtuamento moral” advindo das relações capitalistas e que, portanto, deveria ser combatido.

Nada mais estúpido!

É verdade, que após a Grande Revolução Russa de 1917, o Governo Bolchevique, sob o comando de Lenin, aboliu a lei anti-sodomia, em 1918. Entretanto, no início da década de 30, houve retrocesso, com a aprovação de uma lei que fixava pena de no mínimo três anos de prisão por relações sexuais entre homens.

Casos de desrespeito e perseguição aos homossexuais, são também relatados no governo revolucionário, liderada por Mao Tsé-tung, após a Revolução Chinesa. Somente em 1997 o homossexualismo foi descriminalizado na China.

Nos antigos “regimes socialistas” do chamado Leste Europeu, a situação também não foi diferente.

Na “Ilha”, as perseguições “oficiais” persistiram até a década de 70, situação reconhecida publicamente pelo próprio Comandante Fidel. Numa entrevista ao jornalista francês Ignacio Ramonet, em 2003, após lamentar que "tínhamos diante de nós problemas tão terríveis, questões de vida ou morte, que não prestamos atenção suficiente a isto”, completou "eu gosto de pensar que a discriminação contra os homossexuais é um problema que está sendo superado"..."Velhos preconceitos e visões estreitas serão, cada vez mais, coisas do passado".

Hoje em Cuba, a luta para garantir direitos e plena cidadania às pessoas LGBT é encabeçada por sua sobrinha Mirela, filha do seu irmão e presidente Raul Castro.

Portanto, ao institucionalizar no documento oficial de filiação tais informações, o PCdoB tem posição vanguardista e presta grande serviço à causa por avanços civilizacionais. Garante, em âmbito partidário, mais visibilidade as pessoas LGBT, completando um processo que iniciou com a aprovação do Novo Programa Socialista, em 2009, onde já elencava a necessidade de se travar o combate à homofobia e à opressão e discriminação que desrespeitem a liberdade religiosa e a livre orientação sexual.

Se é verdade que a 8ª Conferência Nacional, realizada em 1995, em plena crise do socialismo, o PCdoB deu mostra de que estava antenado aos desafios dos novos tempos, ao superar uma velha concepção dogmática e reducionista baseada em três preceitos esquemáticos (a inevitabilidade de duas etapas da revolução nos países dependentes ou semicoloniais; a existência de um modelo “único” de socialismo e o trânsito direto à construção socialista após a conquista do poder), o 12º Congresso, realizado 14 anos depois (2009), foi mais além: formulou o Novo Programa Socialista, apontando o rumo (o socialismo) e o caminho para alcança-lo (fortalecimento da Nação com a construção de um Novo Projeto Nacional de Desenvolvimento) e, no campo das relações humanas, rompeu definitivamente com o ranço tosco e preconceituoso constatado durante as primeiras experiências de caráter socialista e que não guarda qualquer relação com o sonho pela construção de uma sociedade sem exploração (econômica) do homem pelo homem e onde as relações interpessoais sejam desprovidas de intolerância, preconceito e discriminação.  

Que a posição ousada e vanguardista do PCdoB sirva para encorajar outras agremiações partidárias e organizações sociais!

•Miranda Muniz – agrônomo, bacharel em direito, oficial de justiça-avaliador federal, dirigente da CTB/MT e do PCdoB-MT

 





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Comentários (4)

  • Julio dos Santos

    Quinta-Feira, 27 de Agosto de 2015, 07h08
  • Tenho certeza que vocês do PCdoB respeita meu direito de acredita na Bíblia, portanto, devo dizer que quem pratica ou defende tais coisas vai direto para o inferno. Simples Assim! PS - não sou crente, evangélico, nada disso. Simplesmente, prefiro acredita na Bíblia do que em Marx, Engls, Raul e outras bestas por aí.
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  • IRIS

    Quinta-Feira, 27 de Agosto de 2015, 06h59
  • Gostei da notícia. Sou PCdoB,mulher,mãe,lesbica e feminista. Fico feliz com esse avanço,a ousadia sempre foi a nossa marca. Porem é uma pena que em alguns Estados o PCdoB ainda viva em retrocesso,como por exemplo no meu. Acredito no avanço e na mudança. E que aqueles mais fechados para o assunto,saibam acompanhar. Que a cada dia possamos reconhecer e saber que os LGBTTTS no nosso Partido são muitos. Viva ao Partido Comunista,reconhecendo nome social,idêntidade de gênero e orientação sexual em suas fichas de filiação. E que não fiquemos só nesse novo formato de ficha de filiação. Os LGBTTTS merecem e devem ter o seu espaço e serem renhecidos. A luta não tarda e não vai parar. Agora deve-se ter cuidado com o termo HOMOSSEXALISMO. Em 1990 o homossexualismo foi retirado e o termo usado agora é HOMOSSEXUALIDADE. Saudações a quem tem coragem. 1,2,3,4,5 mil e viva o Partido comunista do Brasil.
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  • Deyvid Morais

    Quarta-Feira, 26 de Agosto de 2015, 18h29
  • Parabéns ao PCdoB! Conheço ainda pouco da atuação do partido mas estou feliz com a notícia.
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  • Julio Arrais

    Quarta-Feira, 26 de Agosto de 2015, 17h24
  • Viva a diversidade...viva o ser humano na sua totalidade...lindo, livre e feliz.
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